terça-feira, 31 de março de 2009

Frescores de Varanda.

Viagens no Tempo, de Bento Sampaio

Afinal, sempre se arranja um tempo para que haja Primavera…

Sabe-se que é o tempo a companhia inseparável de todo o nosso sempre.
Se bom, todos se recreiam com a sua brandura, “que rico dia o de ontem, espectacular!”; se assim-assim, “vá que não vá, pelo menos não choveu…”; e se ruim, “não tem que saber, quando vira para o canto do ilhéu…” – olhem, é o que a mãe-natureza nos empresta.
No meu dentro e fora – rua abaixo, rua acima – um dia nunca igual ao outro, ontem azulado, hoje queria vestir-se de cinza – ainda assim de boa catadura – e ainda aquele focinho de cão, azedo e transtornado, sacudido de vento rijo e briguento, já se vê, corri para me abrigar debaixo de uma varanda, e nada demais do que uns respingos soltos. E então me apareceu o meu bom irmão Nuno, “o tempo é tanto pior visto do lado de dentro da janela” – e é.
Quando me toca a rebate a lembrança, vêm os meus em fileira, e obviamente cotejo a sua memória, “se fosse viva, hoje teria setenta anos”, cogitei na única e, dos três, a última andorinha a deixar-me só, sem o consolo de mais conversas de sangue.
Como é breve a infância e curta a mocidade… E tanto cuidado teve meu pai com aquela menina, “claro que pode, senhor Sampaio…”, acedeu o padre Leite ao seu pedido, e lá foi ela, a minha querida irmã Fátima, baptizada com água morna, como já o referi em tempos.
Pois foi-se ela num embalo íntimo de quem levava a alma chegada a si, segura do seu Destino, descansada com a prole que ficou no seu aquém de saudade, já os outros manos lhe seguiram na dianteira, abrindo caminhos de esperança para aquela andorinha que corria alvoroçada por chegar cedo ao seu Além e lá encontrar o abrigo almejado.
Com esta distância dos anos, sonhando com os meus na Terra dos Vivos, fico-me a cismar: felizes os que habitam a vossa Casa, que para sempre vos louvarão, e até a ave lá encontra abrigo e ninho para a sua descendência – Deus queira.
Ora, vir aqui tagarelar de gente calada, em pó desfeita, a alma entregue ao Criador, parece talvez uma fala desenxabida, despropositada, uma extraordinária falta de gosto. Mas o apego…
Agora, no meio dos frescores do tempo que corre, de aragens balsâmicas, de incensos inebriantes, agasalhando laranjeiras e limoeiros afogueados de viço, de jardins ornados de magnólias, jacintos, frísias, amores-perfeitos, ah, e de lírios do campo e orquídeas, e ainda de atalhos contornados de azáleas, tudo fervendo de vigor, que mais se pode querer dessa Mater?
Quem dera agora ouvi-las de viva voz a elas: de Florbela – não sei quem tantas pérolas espalhou… murmura alguém pelas quebradas fora, flores do campo, humildes, mesmo agora a noite os olhos brandos lhes fechou – e ainda o grito de Amélia – por isso te amo tanto, oh! Natureza, linda, potente, majestosa e forte, sempre nova na graça e na beleza.
E outras andorinhas vêm sempre chegando. Crescem alegres, saltam, riem, choram e cantam, dizendo coisas que a todos encantam. Não param esses nossos meninos, são eles a cópia fiel da tal gente calada, os tais que, desfeita já a natureza, alimentam outros sonhos, como se fora mais feliz quem menos sente.
Como eu, nos anos verdes, trepando nespereiras e laranjeiras, na linda quinta da nossa casa, tudo lhes serve para galgar muros, pendurando-se no que está mais à mão, e desaparecem de nossas vistas, que mais proezas têm pela frente – oxalá os nossos meninos se enfiem por veredas suavizantes.
Mas não posso esquecer-me do último Verão, ele num aceno derradeiro, o sol já cansado a acomodar-se muito mais cedo, os dias a minguarem, e ela, a natureza a esmorecer.
Mas havia de voltar a Mater naquele primor de requinte primaveril – uma Dama, aqui minha vizinha, folgando na sua Lomba da Maia –, a receber-me com flores atiradas sobre mim, numa sentida afeição, uma amenidade, uma tal singularidade como se me sentisse um virtuoso fidalgo num remoto principado.
Afinal, sempre se arranja um tempo para que haja Primavera…

segunda-feira, 30 de março de 2009

Espanha sai à Rua.

Diversas organizações espanholas e a Igreja Católica promovem esta semana várias iniciativas, incluindo manifestações em várias cidades, contra a proposta reforma da lei do aborto em Espanha.
Entre as várias iniciativas contam-se manifestações apoiadas pela Conferência Episcopal Espanhola, que promove quarta-feira a sua “Jornada pela Vida”, que este ano dedicará especial atenção ao tema do aborto.
Alguns dos promotores sustentam que as iniciativas poderão ser as acções de protesto mais amplas da sociedade contra os vários ataques à família, como a eutanásia e os casamentos homossexuais, um dos temas que mais mobilizou a Igreja Católica espanhola.
Desta feita, a Igreja Católica espanhola apostou numa forte campanha, que terá custado mais de 300 mil euros e que já ficou marcada pela polémica.
Inclui o uso de mais de 1.300 cartazes gigantes em 37 cidades espanholas alegando que a flora e a fauna têm mais protecção do que os não-nascidos.
Os cartazes - onde está uma foto de um bebé a perguntar “E eu?”, e outra de um lince com a frase “lince protegido” - são acompanhados de 30 mil posters e de oito mil folhetos para distribuir por todo o país.
Coincidindo com a polémica campanha, mais de um milhar de intelectuais assinaram uma “Declaração de Madrid” em que dizem ter “razões científicas e não ideológicas” para defender o direito à vida desde o momento da fecundação.
Os cientistas, biólogos, juristas, ginecologistas, filósofos e professores universitários espanhóis que assinaram o texto criticam a proposta de uma lei de prazos para a interrupção voluntária da gravidez.

sexta-feira, 27 de março de 2009

O Manuel da Virginia.

Um bem castiço artigo de João Bento Sampaio:

E a primeira coisa que fez foi renovar a carta apreendida, “já drivaste, alguma vez?”, e a resposta, que o Pai Eterno já riscou do rol, “não, nunca drivei…”.

Coisa pouca de corpo, não era da Virgínia este Manuel, nem da minha Ponta Garça também, e mesmo na Vila ninguém saberia quem ele era. Então quem poderia ser essa figura barbuda, escassa de canastro, um Zé minguado, quase ninguém?
Como aprecio escarafunchar tudo o que me possa impressionar, ia ouvindo o que me diziam dele, “é uma alma pródiga, tu vais ver…”, e com este meu jeito, “como é que vai ser?”, indaguei do meu bom amigo Zé de Medeiros.
Tudo combinado para a quinta-feira da passada semana, “levas uma garrafinha…”, e sendo um ajuntamento grande, “levo duas…”, pensei – pois claro, melhor assim.
Missa celebrada na minha terra, o rancho da Várzea ia saindo, os bordões alvoravam do chão como preces atendidas, os irmãos trocavam olhares sentidos com familiares, apertavam amigos e aquele mirone que era eu ficou-se ao largo que assim se via melhor – o pormenor do corpo parco do Manuel, o olhar cavado, vendo porventura mais do que todo o grupo, o girar dele, à fala com este mesmo ali, esse acolá que o chama, e aqueloutro que já não via há um par de meses – “é aquele!”, disse-me o meu bom Zé Jacinto, e lá ia aquele estranho romeiro com os companheiros de ventura.
Nada sabia de mim o Manuel da Virginia.
Quando lhe disseram que eu rabiscava para o Diário, “ele quer escrever sobre ti, Manuel”, aí o homem se abeirou, “que precisa o senhor de mim?”.
Eu? Nada. Aposentado, a vida a correr-me sem me queixar, pensei responder, “não, não preciso mesmo de nada…”, e passei-lhe o braço por cima como se eu fosse muito maior do que ele, “gostava só de lhe perguntar…”.
Ele abriu-se, “eu gosto de estar entre gente…”, mas ia a dizer-lhe do que me haviam dito sobre a sua generosidade, “se já sabe…”, como quem diz, “ora, vamos lá a outra”. Que não tinha votado no Obama, “mas já mostrou que sabe o que o povo espera dele – só isso é que interessa…”.
Queria eu saber dos acasos da vida que lhe acenou, “vem daí Manel!”. O que lhe aconteceu… sumiu-se de New Bedford para se safar duma enrascada da idade, “ia numa correria feia…”, e o resultado foi caçarem-lhe a carta por dez anos, uns dias de degredo atrás das grades, e virou-se para mim, “e agora?”
Aquele Manuel, parecendo coisa pouca, menor que os demais, achou-se só em si mesmo, fixou-me certeiro, “a sorte é o trabalho que a gente agarra”, e foi parar ao Estado da Virgínia para mostrar que poderia ser gente grande,
Valeu aquele detalhe, “no tempo, isso nos finais de ‘60, os computers estavam ainda no princípio” – e com o sorriso que se tem da vitória – “pouco sabiam os States uns dos outros das trapalhadas da sua gente…”, e a primeira coisa que fez foi renovar a carta apreendida, “já drivaste, alguma vez?”, e a resposta, que o Pai Eterno já riscou do rol, “não, nunca drivei…”.
E foi por aí fora, mostrou o jeito, a garra de deitar a mão ao que poderia dar nas vistas, “se a gente não se mostra…”, pois tinha razão o Manuel.
O rapaz medra a olhos vistos no State of Virginia. É novo, cruza-se de olhares com as moças da nação, não topa vivalma da sua terra, e que fazer? Bem, nestes casos o coração risca, o tino aguça-se e o melhor partido é aquele que nos traz o proveito completo para o corpo e o sossego de consciência.
Está ele e ela em idade de se casarem, sim senhor. A neta do patrão acha-lhe graça e juntam-se num enlace feliz. Poucos dias de lua, que o mel há-de produzir-se no cortiço de suas vidas.
E vai à luta o Manuel da Virginia, cresce, multiplica tudo, cria a Copper Massory, uma construtora espalhada de obras em dez estados, e entrega-se na maior estrutura até hoje – um hospital de trinta e cinco edifícios, “estamos nele há três anos, mas tem que estar pronto em 2016, sem falta”.
Vê-se que um Manuel desta fibra, indo tão longe, ganha à farta para o sustento da casa, e sobra ainda muitas dolas que não as quer todas para si. Pois claro, liga-se com o Governo Regional em ajudas a quem queira estudar muito mais do que ele – e os de amanhã, eles e elas, misturando-se com os de longe, vão num desejo de mais saber.
Ai, o Manuel da Virginia que devora futebol e só o Benfica lhe caiu no goto. Das muitas saudades da sua Lomba de São Pedro, o Manuel chamou o seu Benfica e o Sporting para mostrarem à terra as habilidades de campeões, “aluguei por dias um terreno…”, aplanou-o e lá se exibiram os melhores. O curioso é que o dono da terra a queria de volta do mesmo feitio, “até tivemos de repor uns mamelões que a corisca tinha…”, contou divertido, depois de nos saciarmos, na sua amada Lomba, com cabrito assado para um grande magote de gente.
E no fim, como quem trouxe escolates e candins para os petenhos, vira-se num consolo de alma, “é para si…” – um relógio de algibeira com a inscrição Romeiros 2009.
Será rico esse Manuel? Talvez…O povo diz: “só se é rico com a graça de Deus” – e é verdade.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Viver a Quaresma.

Renúncia, Jejum e Caridade
Será que deixaram de ter sentido?
Para todo o Cristão de verdade
Dão rumo ao homem perdido!

Um dia de fraca alimentação
Dando o seu preço a quem precisa
Continua a fazer sentido no Cristão
Que esta sociedade desigual ajuíza

Amanhã terei Água e apenas Pão
De mais coisa nenhuma me sustentarei
E não é mania nem masoquismo não

É ter um dia igual ao de muita grei
Composta por muito faminto irmão
E assim tentar cumprir um pouco a Lei.

Autor desconhecido (enviado por JBS)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Portugal pro Vida quer constituir-se Partido Político.

"O Portugal pro Vida é um movimento de cidadãos, maioritariamente cristãos e católicos leigos, que visa levar a «Causa da Vida» aos bancos parlamentares por direito próprio. Embora, como qualquer movimento político, devamos assumir uma posição aconfessional, assumimos plenamente a nossa inspiração na Doutrina Social da Igreja e no «Evangelho da Vida» do nosso saudoso papa João Paulo II. Defendemos e praticamos o diálogo institucional com a Igreja Católica e outras organizações religiosas. Nesse quadro temos tido a oportunidade de, em diversas ocasiões, manter contactos com a Conferência Episcopal Portuguesa, mas também com igrejas cristãs da Aliança Evangélica Portuguesa e até com a Comunidade Islâmica em Portugal.
Tivemos a alegria e a honra de receber já diversas cartas de apreço e reconhecimento pelo nosso trabalho pro-Vida, de que destacamos uma da Conferência Episcopal e outra do próprio Vaticano. Consideramos que as entidades políticas, governo e partidos, têm muito a ganhar ao incluir nos seus processos de decisão também os contributos daqueles cuja vida se centra no plano Espiritual e, por força disso mesmo, não raro vêm mais longe e mais fundo no coração dos homens. Acreditamos, enfim, que um país mais «amigo da Vida» terá mais condições para manter uma sociedade mais desenvolvida, sustentável e feliz.Por isso, algumas das nossas primeiras bandeiras serão a luta política sem tréguas contra o aborto, a eutanásia, o "divórcio na hora", os casamentos homossexuais e as limitações do Estado à liberdade de educação. Também por isso o nosso esforço não se tem esgotado na definição de linhas de oposição à política que vem sendo seguida no nosso país, mas tem-se preocupado igualmente por apresentar uma política alternativa - necessariamente pro-Vida e pro-Família - que a prazo nos coloque a salvo do «Inverno Demográfico» no qual nos vamos dissolvendo.Muitos cidadãos hoje não votam ou votam em branco, por não se reverem em qualquer das alternativas existentes. Queremos oferecer-lhes a possibilidade de se afirmarem pro-Vida e retomarem a sua participação cívica plena. Sabemos que por vezes as sociedades mais oprimidas ou descrentes não encontram para os seus anseios de Liberdade outro aliado senão o elemento religioso. Aconteceu há poucos meses na Birmânia (Myanmar) com os monges budistas e vai acontecendo também no Tibete. Referimos estes dois exemplos sem maioria católica para não nos acusarem de sectarismo. No mundo cristão, os exemplos ao longo da história seriam praticamente incontáveis.Portugal, hoje, vive um lento processo de progressiva asfixia democrática com o controlo progressivo do aparelho de Estado por grupos de interesses desvinculados do superior interesse do povo. E também no plano ideológico, as diferentes e respeitáveis doutrinas políticas cederam já muito terreno ora a um misto de pragmatismo a-moral e relativismo ético, ora a um laicismo dogmático - quase uma "igreja" ele próprio, com a sua liturgia, os seus doutrinadores e a sua dogmática.Por tudo isto, cientes da hora decisiva e dramática que vivemos, foi tomando corpo este projecto dentro de vários grupos de cidadãos há anos temperados na luta pró-Vida, de diversos movimentos de leigos da Igreja Católica e também de outras igrejas cristãs. Temos um sítio na internet onde decorre o nosso debate interno, aberto à sociedade, e anunciamos iniciativas, petições, congressos, etc. Convidamo-lo a ir até lá e participar deste processo de pensamento e acção em rede. Já somos cerca de 2000 cidadãos de todos os pontos do país e da emigração.Mas continuamos a crescer e precisamos da sua colaboração dentro do possível. Neste momento temos a tarefa urgente e prioritária de nos constituirmos legalmente, para o que nos faltam ainda 5.500 assinaturas a reunir até ao dia 27 de Março se ainda quisermos aspirar a participar nas eleições europeias, onde seria muito bom já poder apresentar aos portugueses os nossos pontos de vista. A um qualquer, tal pode parecer tarefa impossível de realizar. Não a homens e mulheres de Fé como nós!"
http://portugalprovida.blogspot.com/

terça-feira, 24 de março de 2009

A Europa em Banda Desenhada

Para quem aprecia Banda Desenhada com refinado sentido de humor, aqui fica a sugestão: A Europa explicada aos Europeus, tradução portuguesa do original de língua francesa, à venda no Modelo da Comadre, por 2,50€.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A Sinagoga de Ponta Delgada em livro.

Está de parabéns José de Almeida Mello pelo sucesso do lançamento do seu novo livro Sinagoga Sahar Hassamain de Ponta Delgada – História, Recuperação e Conservação. A apresentação foi feita com estilo, como é hábito em José Andrade. O livro está à venda por 10,00€, revertendo a receita para as obras, por benemérita decisão da Publiçor.
Um mar de gente acorreu ao Hotel Marina Atlântico, dando assim apoio inequívoco à causa da recuperação da Sinagoga protagonizada por José de Mello. O velho espaço novecentista da Rua do Brum, que deve ser usado como memória e espaço cultural e, como sugeriu Dom Duarte de Bragança, em visita à nossa cidade, conservando a sua vertente como local de oração disponível a todos os crentes da Antiga Aliança que passem por estas ilhas e encontrem assim um local onde recordem Jerusalém.
"Se eu de ti me não lembrar, Jerusalém, fique presa a minha língua, fique presa a minha língua."

sexta-feira, 20 de março de 2009

O futuro da Igreja: no meio está a virtude.

A Igreja tem promessas de eternidade, dadas pelo próprio Cristo, o qual prometeu a sua existência até ao fim dos tempos. Enganam-se por isso aqueles que vêem o seu fim na crise em que a Igreja foi mergulhando desde há algumas décadas e que só agora, para os mais atentos, começa a dar sinais de voltar ao rumo. Aliás, pela primeira vez, em muitos anos, os católicos aumentaram no mundo, passando, em 2007, a 1 bilião e 147 milhões aproximadamente, sendo, em 2006, 1 bilião e 131 milhões. E é de registar o aumento sobretudo na Europa, ainda que na ordem dos 0,8%. Do mesmo modo, o número de sacerdotes começa a aumentar, tendo passado de 405.000 para 408.000, no ano de 2007.
Mas além destes, a Igreja tem dispersas algumas comunidades que, opondo-se aos excessos do Concílio, perderam a plena comunhão. A maior delas é a Fraternidade de São Pio X, a qual tem actualmente 491 sacerdotes, 215 seminaristas, 6 seminários, 88 escolas, 2 institutos universitários, 117 irmãos, 164 irmãs e milhares de fiéis, estando em franco crescimento, sobretudo no centro da Europa.
O Papa, convencido de que a Igreja existe para converter o mundo e não para se tornar igual a ele (aquilo a que gostam de chamar os tempos de hoje), querendo voltar a unir os mais sensíveis à Tradição com a "grande Igreja", pediu aos bispos do mundo inteiro a sua colaboração na resolução deste problema, através da Congregação para a Doutrina da Fé. Esta é uma das novidades da carta que o Papa lhes dirigiu, explicando como vai enfrentar a possível integração dos lefrebvristas na plena comunhão da Igreja, e que comportará, em último termo, uma reflexão conjunta sobre o Concílio Vaticano II.
Certamente o ponto de equilíbrio entre a sã Tradição, que certos sectores ousam despresar, e a nova linguagem do Concílio, que os tradicionalistas ainda não conseguiram abraçar.
«Desta meditação todos devemos tirar um novo e eficaz convencimento da necessidade de ampliar e aumentar essa fidelidade, rejeitando totalmente interpretações erróneas e aplicações arbitrárias e abusivas em matéria doutrinal, litúrgica e disciplinar», diz claramente o Santo Padre, anunciando assim o fim do regabofe que resulta de cada um dizer o que bem lhe apetece, achando-se sempre o novo messias e o verdadeiro salvador do mundo, ele, muitas vezes o padre, acima de séculos de história, de milhares de estudos, de milhões de almas crentes de tantos e tantos anos, ele, normalmente um cavalheiro de medíocres notas no Seminário, fracos dotes oratórios e escassa bagagem cultural, ele, chegou agora e só ele sabe, só ele é a verdade...
Já João Paulo II pediu aos teólogos e especialistas «um novo empenho de aprofundamento, no qual se esclareça plenamente a continuidade do Concílio com a Tradição, sobretudo nos pontos doutrinais que, talvez pela sua novidade, ainda não foram bem compreendidos por alguns sectores da Igreja».
Bento XVI deixou mesmo o desafio: «Para alguns daqueles que se destacam como grandes defensores do Concílio, deve também ser lembrado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quiser ser obediente ao Concílio, deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes de que vive a árvore.»
A Fraternidade de São Pio X já veio dizer, pela voz de Bernard Fellay, o seu Superior, que "longe de querer parar a Tradição em 1962, nós desejamos considerar o Concílio Vaticano II e o ensino pós-conciliar à luz desta Tradição que São Vicente de Lérins definiu como “o que foi querido sempre, por toda a parte e por todos” (Commonitorium), sem ruptura e num desenvolvimento perfeitamente homogêneo. É assim que nós poderemos contribuir eficazmente à evangelização pedida pelo Salvador. (cf. Mateus 28,19-20)" assegurando a sua vontade de abordar as questões doutrinais reconhecidas como “necessárias” pelo Decreto de 21 de Janeiro, "com o desejo de servir à Verdade revelada que é a primeira caridade a manifestar a respeito de todos os homens, cristãos ou não. Colocamos estas questões doutrinais sob a proteção de Nossa Senhora de Toda Confiança, com segurança de que ela nos obterá a graça de transmitir fielmente o que recebemos, “tradidi quod et accepi” (I Cor. 15,3)."
Resolvendo assim a desunião da Igreja, o Santo Padre, sabiamente, recoloca-a no ponto de equilíbrio que falta ao mundo. Novelas toda a gente tem em casa. O homem, sobretudo o dos tempos modernos, precisa de encontrar na Fé Algo muito acima.
E aí a missão é doutrinar e não a constante perda de tempo a questionar tudo, dando implícita razão aos adversários da doutrina. Como ensinou Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja, Roma locuta, causa finita, ou, em vernáculo, o mesmo é dizer, Roma falou, encerrada a questão.
Se cada um se limitasse a, pelo menos, fazer bem a pequena parte que lhe está atribuída, quanto mais longe não iríamos!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dia do Pai.

Hoje, dia de São José, é dia do Pai nesta Lusa Nação. Homenageamos o nosso e esperamos as mais ricas prendas das mãos daqueles de quem ternuramente assim somos. Ricas porque feitas por si próprios, com aquele encanto de quem tem um tesouro guardado para tão grande dia. Que a vida lhes sorria: aos nossos pais e aos nossos filhos!

quarta-feira, 18 de março de 2009

As Romarias.

"Pelas veredas do monte,
Vai passando a Romaria,
Cantam ecos e Romeiros:
Padre-Nosso, Avé Maria."

As romarias estão por toda a Ilha, timbrando, em toadas de Avé Marias, adros e vielas. De cajado na mão, aí vão eles percorrer a velha Ilha do Arcanjo. Como sempre. Desde o tal terramoto de 1522, que nos levou a velha Capital e milhares das suas vidas. Para que tragédia assim não nos assole semelhante.
Em cada fim de semana uns saem, outros regressam. Neste, é a vez dos do bastião do Arcanjo. E com eles nosso irmão Tibério.
Um abraço fraterno.

terça-feira, 17 de março de 2009

É pegar ou largar.

Aqui vai uma crónica de Bento Sampaio, do seu Viagens no Tempo, enviada a propósito do artigo sobre a Rua do Frias:
"eram, eram, antes de chover, mas agora chove mesmo...”, e esboçou aquele sorriso brando de quem tinha a vida a correr-lhe bem.
Às vezes, torna-se difícil tomar uma decisão. Mas porquê tanta dúvida em definir uma atitude? Mal sabemos até a razão da delonga, porque tudo indicava naquele caminho. E, pronto, adiante – fica para outra ocasião.
Uma pessoa, à minha frente, assume-se, “sim, esse aí”, dirige-se para uma moça loira, enxuta, não tem mais que dezoito anos, duas tranças a enfeitar-lhe aquele gracioso gesto de adolescente e um sorriso brando a adocicar-lhe o semblante. E ela, satisfeita com mais uma venda, volta-se para outro cliente, ainda indeciso, “olhe que vai chover... são só dez escudos”, mas ele segue em frente, apostando numa melhoria do tempo.
E eu imitei-o – quem sabe se é só uma nuvem escura, negra não parece tanto assim –, “olhe que vai chover... são só dez escudos”, repete a jovem, vezes sem conta, o mesmo proclamo daquela tarde, no falar dela, ameaçando chuva copiosa.
Mas eu, fazendo orelhas moucas, trepei, depressa, a escadaria do palácio dos condes de Alvor, e meti-me dentro do museu das “Janelas Verdes”; começava, naquele preciso instante, a chuviscar.Bem, tinha-me livrado, a tempo, de gastar uns patacos na compra do guarda-chuva, dinheiro que me fazia mesmo falta. Havia chegado a Lisboa, nos finais de Dezembro de 1963, para engrossar, no fim de Janeiro, as fileiras da recruta, em Mafra, e tinha de gizar bem os meus gastos.
Agora, importava mergulhar na Arte Antiga do vasto museu. Lá dentro, logo na primeira sala, um valente estrondo ressoou e a luz deu sinal de se finar. Com aquela tremenda trovoada, cedo me veio à lembrança o meu pai falar do tempo em Lisboa, “em pleno Inverno, há dias seguidos de muito sol, frios de rachar”, e eu quase não queria ouvir o resto da sua recomendação, “mas quando desata a chover, são dias a fio”.
Arrepiei-me só de pensar como chegaria a casa, feito numa grande sopa. Fiz o possível para guardar, para mais tarde, essa apoquentação, já bem evidente, e os sapatos encharcados?... e um resfriado?...
Cada coisa a seu tempo, parecia o melhor conselho, lá isso parecia, só que a consumição ia tomando conta de mim.
De sala em sala, ia admirando as preciosidades de arte antiga, mas o retinir da chuva, a verdascar as grandes janelas, fazia com que desse de caras com a tal moça loira – imagine-se – estampada numa grande tela, a fixar-me intensamente, “olhe que vai chover... são só dez escudos”.
Procurando abstrair-me da situação penosa, que, na certa, me esperava lá fora, decidi-me demorar um bocado, em frente dos célebres Painéis de São Vicente, pedindo, ao patrono de Lisboa, clemência para a pena que iria cumprir no regresso a casa.
Mas não tinha conserto, a chuva era impiedosa, queria ela lá saber da minha angústia, “mas quando desata a chover, são dias a fio”, parecia até que meu pai se estivesse a rir da situação, “és novo, tens muito que aprender...”. Não, ele era incapaz de zombar do meu embaraço. Aligeirei a visita, que deveria ser demorada, e fiquei-me a pensar, junto de um cofre veneziano, como que a adivinhar-lhe o poderio de dinheiro, que tivera em outros tempos, e que daria para comprar todas as lojas de guarda-chuvas do mundo...
Qual seria o melhor caminho, para chegar a casa, ou melhor, que eléctrico, ou autocarro deveria tomar, e ainda, se voltaria a descer a escadaria para a avenida 24 de Julho. Precisava de companhia – um guarda-chuva.
Neste mister, ia a deixar o museu e não é que uma voz conhecida, “olhe que chove... são só doze mil e quinhentos”, voltou à baila, ali no átrio. Era ela, a mesma moça loira, satisfeita com o negócio a correr-lhe de feição.
Não tinha alternativa possível, ou investia no guarda-sol, como se dizia na minha tão distante Ponta Garça, ou, então, sujeitava-me a uma grande molha, até apanhar o primeiro transporte, “esse aí”, decidi-me e apontei para um, com o pano em xadrez. Tirei dez escudos, e, não ligando ao novo preço, meti-lhe na mão duas moedas de cinco.
Isso é que era bom... “não, não, são doze mil e quinhentos”, ripostou vigorosa, e eu apeguei-me ao preço anterior do proclamo, “mas, há bocadinho, eram só dez escudos...”, tentei a minha sorte, “eram, eram, antes de chover, mas agora chove mesmo...”, e esboçou aquele sorriso brando de quem tinha a vida a correr-lhe bem. E pus-me a cismar: a hora do negócio é só uma, é pegar ou largar...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Rua do Frias: casa à venda, casa vendida.

Na Rua do Frias é assim. Ainda mal estava a casa anunciada que era para venda, já logo se vendeu a dita. Ainda no dia 3, aqui se dava conta do excelente preço a que se encontrava e já hoje se foi, para desgosto dos interessados em viver naquela a que Armando Cortes Rodrigues dedicou o "Poema da minha Rua."
Daqui se deram vivas a D. Miguel e se conspirou entre os homens do povo, reunidos em nocturna taberna, já então fartos de pedreiros livres em início de actividade de, vai-se lá saber, quantos séculos de derrapagem civilizacional. E de tão nobre Botequim, daqui foram presos, com os outros mais, ao Forte de São Brás, onde após a célebre revolta dos calçetas, foram sumariamente executados, certamente em nome dos já então proclamados valores ditos da liberdade.
Rua de moagem, de palácios e de casas simples. Rua do tempo da fundação da Cidade.
Rua de António Frias, o pai da Rua, que lhe deu o nome, o Jardim que a encima como uma coroa e a Ermida da Senhora Santanna ; de Francisco Nunes Bago, licenciado do século XVII com raízes em Vila Franca do Campo, onde ainda hoje dá nome à velha Rua do Bago; de José do Canto, cuja imponente estátua, no local da velha casa do licenciado Frias, marca, ao fundo, a serenidade que aquele belíssimo Jardim novecentista lhe oferece; de José Maria Raposo de Amaral, reputado autonomista; de Armando Cortes Rodrigues, poeta cujas culturais tertúlias se repartiam entre a a velha Capital e esta sua Rua; e de tantos outros cujas memórias ainda perdurarão.
Mas é também Rua de gente simples e feliz que encontra, no que resta dos seus ladrilhos, o melhor espaço da cidade para viver: uma Rua com rosto humano cravada no centro da Cidade.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Gregório I

Já lá vão 1405 anos que, no dia de hoje, mas no ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 604, falecia em Roma, sua cidade natal, e da qual chegou a ser Prefeito antes de abraçar a vida eclesiástica, o Papa Gregório I, justamente chamado pelo povo de "o Magno", pela obra que deixou.
A ele se deve a conversão das Ilhas Britânicas ao cristianismo, tendo para lá enviado um grupo de quarenta monges beneditinos; do mesmo modo que o seu nome ficou associado à sempre eterna música cuja divulgação promoveu, o canto gregoriano, disciplinando assim a liturgia; além de ter deixado extensa obra escrita.
Três preocupações que, passado quase um milénio e meio, parecem ter voltado ao Papado: a conversão da Europa, o lugar próprio da liturgia e a profundidade científica de que a Fé não se pode alhear.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O Presidente-Rei.

A 11 de Março de 1918, pela primeira vez em Portugal, foi concedido o direito de voto aos analfabetos do sexo masculino, pelas Reformas de Sidónio Pais, um republicano moderado que tentou salvar o País.
A lei eleitoral republicana, aprovada a 14 de Maio de 1911, constituiu uma enorme desilusão, pois limitava ainda mais a participação dos cidadãos na vida política do que no tempo da monarquia. A lei conferia o voto apenas aos cidadãos maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever ou que fossem chefes de família há mais de um ano. O código eleitoral de 1913 excluía, do direito de voto, os chefes de família analfabetos e os militares no activo. O colégio eleitoral da 1ª. República era limitadíssimo, sendo mesmo inferior ao existente na monarquia. Em 1890, recorde-se, haviam sido recenseados 900 mil eleitores e em 1913 já apenas 400 mil. Para agravar esta situação, a abstenção era elevadíssima (40% em 1915. 30% em 1925). Instalados no poder, os republicanos passaram a combater o próprio sufrágio universal, continuando a negar o direito de voto às mulheres, o qual só começou a ser concedido a partir de 1931, com o Estado Novo, com algumas restrições, as quais acabariam por ir sendo eliminadas entre 1946 e 1968.
O sistema eleitoral criado pelo Partido Republicano servia apenas para manter no poder as suas clientelas partidárias. Durante 16 anos, os republicanos impediram sob diversas formas o aumento da participação cívica da população portuguesa. Facto que acabou por minar a sua já de si curta base social de apoio, dado que muito poucos eram os que se sentiam representados no Parlamento ou no Governo, contribuindo para popularizar os regimes ditatoriais.
É no meio deste ambiente que, numa tentativa de apaziguamento das relações com a Igreja Católica, em guerra aberta com o regime republicano desde 1911, Sidónio Pais alterou a Lei de Separação entre as Igrejas e o Estado, suscitando de imediato feroz reacção dos republicanos históricos e da Maçonaria, mas colhendo o apoio generalizado dos católicos, dos republicanos moderados e da população rural, então a vasta maioria dos portugueses.
Fazendo uso da sua popularidade, foi eleito, a 28 de Abril de 1918, por sufrágio directo dos cidadãos eleitores, obtendo 470 831 votos, uma votação sem precedentes. Foi proclamado Presidente da República a 9 de Maio do mesmo ano, sem sequer se dar ao trabalho de consultar o Congresso e passando a gozar de uma legitimidade democrática directa, que usou sem rebuços para esmagar qualquer tentativa de oposição.
Certamente por isso, morto que foi o acarinhado pelo povo, então chamado de Presidente-Rei, por republicanos radicais, voltados ao poder, logo suprimiram o sufrágio universal independentemente do grau de instrução.
Hoje não se precisam dar a este trabalho: os ignorantes já são letrados e, modernos que também o são, tudo consentem, pois se os de nome badalado o defendem é porque assim é que está na moda.

terça-feira, 10 de março de 2009

Março, marçagão, manhãs de Inverno e tardes de Verão.

Assim se quer Março, com bom tempo, pois já diz o ditado que "Inverno de Março e seca de Abril, deixam o lavrador a pedir." Pois então o tempo tem andado pelas seguras previsões optimistas dos antigos. Dá gosto sair à Rua e perceber o sol que irradia alegria. É tempo de recomeçar passeatas e arejos. Bem fez o sábio Professor Jorge que já está de regresso ao mar!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Uma Nova Geração.

Tem 12 anos e o seu nome é Lia. A sua escola, em Toronto, propôs um trabalho aos estudantes: fazer um vídeo em casa. Ganhou o primeiro lugar. Porém, suscitou uma “controvérsia assombrosa”, pois escolheu o tema do aborto, com grande desenvoltura e precisão de conceitos pela vida. O seu trabalho já foi visto por centenas de milhares de pessoas, no Youtube. Lia escolheu o tema contra a opinião da mãe, sendo a professora uma feminista pró aborto "pelo direito de decidir", mas teve que ceder perante a convicção pura e corajosa da aluna. O painel de juízes da escola não queria aceitar o tema, tendo um deles protestado e renunciado à função. Mesmo assim, Lia não arredou. Tinha o apoio entusiasta e unânime dos seus colegas. No final, o seu trabalho foi considerado e mereceu o primeiro prémio. A própria professora reconheceu que Lia a fez reflectir.
Interessante sinal, pois se, na geração dos seus pais, o facto de ser pelo aborto ficava bem e era moderno, agora, às novas gerações, começa a causar horror. O mundo começa a dar sinais de mudança. Já não são as, aliás bem envelhecidas, “Católicas pelo Direito de Decidir”, lideradas por uma ex-freira, que representam as tendências com futuro.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O Sagrado Lausperene.

Lausperene significa louvor perene ou eterno. É tradição bem própria da Quaresma, nestas nossas Ilhas, a Exposição Solene do Santíssimo Sacramento, no trono da Capela Mor, ornamentando-se a preceito a Igreja, com as flores próprias da época e as luzes cintilantes de lamparinas e velas ferforosamente a arder.
O Lausperene teria originariamente a duração de 40 horas, em memória do período que o corpo de Jesus passou no túmulo até à Ressurreição.
Em Lisboa, o Santíssimo Sacramento está exposto à adoração dos fieis desde 1556, por instituição do arcebispo de Lisboa, D. Luís de Sousa, ininterruptamente, percorrendo, por escala, as diversas igrejas da cidade, durante 48 horas.
Por cá a tradição cingia-se a uma noite, ou, em alguns casos, às 24 horas do dia. Mesmo assim, foi caindo em desuso. Felizmente, hoje, começa a recuperar-se, percebendo-se o brilho e a solenidade a que deve estar associada a Exposição do Santíssimo Sacramento. Assim é que, ao fim de décadas, e com o empenho do seu novo Prior, Domingo, na Matriz do Arcanjo desta Ilha, o Sagrado Lausperene está de regresso.

quinta-feira, 5 de março de 2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

Leilão de Antiguidades.

Nos dias 10, 11 e 12 de Março, decorre em Lisboa, no Palácio do Correio Velho, um grande leilão de antiguidades, o qual conta com um importante núcleo de pintura portuguesa e estrangeira, como a do filho pródigo, aqui retratada; jóias; faiança portuguesa do séc. XVII ao séc. XIX; edições especiais numeradas da Vista Alegre; esculturas em bronze; mobiliário português e estrangeiro; pratas do final do séc. XVII ao final do séc. XX; porcelana chinesa; entre outras peças, num total de 830 lotes. Aqui fica o endereço:

terça-feira, 3 de março de 2009

Viver no Centro da Cidade III

A preço excelente, em plena Rua do Frias, encontra-se à boca de venda, esta bonita casa em pedra.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Desordem social?

Intitulado Educação Bestial, aqui fica um recomendado artigo de E. Madeira:
"Embora tal não seja por amiúde explicável aos “paisanos” – como António Lobo Antunes aos comuns mortais, asnos, chama – o mesmo ser anormal, escritor superior, mais uma vez, e já mais provavelmente a última, anunciou que já não deverá sentir mais a metafísica, ou mesmo física, gana de escrever. Que já terá, basicamente, exprimido o que tinha.
Tal, embora contra ambas as vontades, conduz a emparelhar com a outra besta viva, que é Saramago – nome não de origem; não como, de origem, foi deitado ao mundo por “camponeses sem terra”. No fim, ambos os seus corpos serão baixados ao chão. Ainda que, higiénica ou ecologicamente, optando para a incineração de seus restos, algum pó, que se respira, sempre descerá. Isso porque, enquanto por cá, seus estros (junto com suas carcaças) bem alto ergam.
Como das suas heranças, em volumes, não como leve pena sobre o mundo pesará, alguma coisa convirá ir aditando. Por exemplo: a linhas tantas do seu Intermitências da Morte, com os habituais trajes exteriores de sabedoria, vem a referir que da divindade, antigamente, se dizia que era omnipresente… Como que coisa, para todos, passada, portanto.
Por mais rígida e obtusamente tecido mundo de utopia em que quase se creia – não religiosamente – haverá que convir que, em algumas partes do mundo, ainda persistem algumas crenças de divindade… E que, para algumas destas menosprezadas pessoas, ajunta-se a crença de que em toda a parte presencia o mesmo Divino…
Ficção, literatura, portanto. Liberdade, portanto. Pregação, portanto.
Como é sabido, por toda a parte da obra de Saramago está presente a divindade… Na sua negação, portanto.
Outra questão será a de estas mais modernas, contemporâneas, arejadas obras estarem a instalarem-se nas leituras obrigatórias de Escola, comodamente.
Já não choca O Amor de Perdição. Já não é consentido atingir qual susceptibilidade a reprodução de o A Origem do Mundo, de Courbet, enormemente em capa, para captação de qualquer distraído que por uma montra passe. Já explicita os seus avanços a disciplina de Educação Sexual.
A Educação anti-Moral ou, pelo menos, anti-Religiosa é que ainda se encontra numa fase subtil de doutrinação e arregimentação de minorias. Mais adiante um pouco, em nome destas minorias já se poderá justificar muito mais…"