segunda-feira, 29 de março de 2010

A Semana Maior

Miserere mei, Deus, secundum magnam misericordiam tuam.
Et secundum multitudinem miserationum tuarum, dele iniquiatatem meam.
Amplius lava me ab iniquitate mea: et peccatto meo munda me.
Quoniam iniquitatem meam ego cognosco: et peccatum meum contra me est semper.
Tibi soli peccavi, et malum coram te feci: ut justificeris in sermonibus tuis, et vincas cum judicaris.
Ecce enim in inquitatibus conceptus sum: et in peccatis concepit me mater mea.
Ecce enim veritatem dilexisti: incerta et occulta sapientiae tuae manifesti mihi.
Asperges me, Domine, hyssopo, et mundabor: lavabis me, et super nivem dealbabor.
Auditui meo dabis gaudium st laetitiam: et exsultabunt ossa humiliata.
Averte faciem tuam a peccatis meis: et omnes iniquitates meas dele.
Cor mundum crea in me, Deus: et spiritum rectum innova in visceribus meis.
Ne projicias me a facie tua: et spiritum sanctum tuum ne auferas a me.
Redde mihi laetitiam salutaris tui: et spiritu principali confirma me.
Docebo iniquos vias tuas: et implii ad te convertentur.
Libera me de sanguinibus, Deus, Deus salutis meae: et exsultabit lingua mea justitiam tuam.
Domine, labia mea aperies: et os meum annuntiabit laudem tuam.
Quoniam si voluisses sacrificium, dedissem utique: holocasutis non delectaberis.
Sacraficium Deo spiritus contribulatus: cor contritum, et humiliatum, Deus, non despicies.
Benigne fac, Domine, in bona voluntate tua Sion: ut aedificentur muri Jerusalem.
Tunc acceptabis sacrificium justitiae, oblantiones, et holocausta: tunc imponent super altare tuum virtulos.
Gloria Parti, Filio, et Spiritus Sancto.
Sicut erat in principo, et nunc et semper, et in saecula saeculorum. Amen

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Dia Mundial da Juventude em São Miguel

No Domingo de Ramos já é tradição celebrar-se o Dia Mundial da Juventude nesta Ilha com grande dimensão, acolhendo cada Ouvidoria, em cada vez, as centenas e centenas de jovens que, de toda a Ilha, aí acorrem.
Em prol do maior dos ideais, em nome do verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, provando que a Igreja continua viva como a de sempre, por Fé, por partilha ou por simples motivação, os jovens católicos de São Miguel mostram força, dinamismo, entusiasmo e dedicação, e que nem todos andam “à rasca”: por não terem um Ideal, um rumo para a sua própria vida, um desafio que os motive, senão mesmo uma família que os eduque.
Dão provas de que estão longe de ser apáticos, com certeza que os há, até em abundância maior do que a desejável, mas a capacidade de criar e executar algo que os motive fica bem patente nos tantos e tantas que, para além da sua participação viva, ali levam canções, teatros e coreografias, com qualidade e de forma saudável.
A grandiosidade do momento mostra ser a Igreja a única que consegue mobilizar uma tão rica massa de juventude.
Ter personalidade não é ser uma cópia do estereotipado “jovem radical”. É procurar realização como pessoa e ter a coragem de ser feliz.
De anos a anos cruzo-me com este dia e, embora não sendo um entusiasta do “festival litúrgico”, impressiona-me sempre o dinamismo que o dia consegue congregar.
Lembro-me de, na Lagoa, em 1990, me ter cabido a regência do Coro dos Seminaristas; em 1992, ter ensaiado o grande Coro na Ribeira Grande, com o Coro Jovem da Matriz de Ponta Delgada e centenas de jovens daquele concelho; em 2001, ter integrado o Júri do Festival da Canção, em Vila Franca; em 2009, também em Vila Franca, ter composto a singela Música para o Festival novamente em Vila Franca, embora já desabituado do estilo; e, em 2010, ser chamado a, passados 18 anos, voltar a dirigir o Canto tentando dar solenidade ao dia e o devido cunho litúrgico ao momento.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A Quaresma micaelense.

As cinzas, que nos foram impostas, simbolizam o dever da conversão, a mudança de vida, recordando a passageira, transitória e efémera fragilidade da vida humana, sujeita à morte. "Lembra-te ó homem que és pó e que em pó te hás-de tornar", como celestialmente as crianças enchem a Igreja com o canto feito para elas.
Assim se inicia a Quaresma, quarenta dias antes da Páscoa, pois que os Domingos não são nela incluídos.
Pelas ruas, as romarias estão por toda a Ilha, timbrando, em toadas de Ave-Marias, adros e vielas. De cajado na mão, aí vão, percorrendo a Ilha do Arcanjo. Como sempre. Desde o tremendo terramoto de 1522, que nos levou a velha Capital e milhares das suas vidas. Para que tragédia assim não nos assole semelhante. Em cada fim-de-semana uns saem, outros regressam.
Os que ficam também oram. Porque de oração se faz a Quaresma. A mais Solene de todas é o Lausperene. Louvor eterno. É tradição bem antiga, nestas nossas Ilhas, a Exposição Solene do Santíssimo Sacramento no mais alto lugar do templo, no trono da Capela-Mor, o qual ficava tapado, com damasco, no resto do ano, só se abrindo nesta Festa, ornamentando-se a preceito a Igreja, com as aromáticas flores próprias da época e as luzes cintilantes de lamparinas e velas fervorosamente a arder.
Na cidade de Lisboa, o Santíssimo Sacramento está exposto à adoração dos fiéis desde 1556, por instituição do seu arcebispo, D. Luís de Sousa, ininterruptamente, percorrendo, por escala, as diversas igrejas da cidade, por quarenta e oito horas.
O Lausperene, originariamente com a duração de quarenta horas, em memória do período que o corpo de Jesus esperou no túmulo pela vitória sobre a morte, na nossa tradição cingia-se a uma noite, ou, em alguns casos, às vinte e quatro horas do dia.
Mesmo assim, foi o piedoso costume caindo em desuso. Felizmente, hoje, começa a recuperar-se, percebendo-se o brilho e a solenidade a que deve estar associada a Exposição do Santíssimo Sacramento. Assim é que, ao fim de décadas, e com o empenho do seu novo Prior, ao II Domingo da Quaresma, na mais velha Matriz desta Ilha, o Sagrado Lausperene regressou.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Ramalho Ortigão o escreveu...

Pobres homens, mais dignos de piedade que de rancor os que imaginam que é com um carapuço frígio, talhado à pressa em pano verde e vermelho, manchado no lodo de uma revolta num bairro de Lisboa, que mais dignamente se pode coroar a veneranda cabeça de uma pátria em que se geraram tantos grandes homens, a cuja memória imperecível, e não aos nossos mesquinhos feitos de hoje em dia, devemos ainda os últimos restos de consideração a pudemos aspirar no mundo! Pobre gente! Pobre pátria!
(…)
Tais resultados, que eu acho melhor encarar pelo lado cómico, que pelo lado trágico, demonstram, com a evidência científica de uma operação química, que a experiência política da Rotunda prolongada até hoje não está deixando, no fundo das retortas, senão indisciplina, desordem, deseducação, desnacionalização, imoralidade, irreligião, empobrecimento, charlatanismo, cabotinismo e miséria.
Evaporada a infantil e burlesca ilusão de que um país pode continuar a viver, como vive uma minhoca em postas, uma vez esquartejado nas suas tradições, nas suas crenças, nos seus usos e costumes, na continuidade da sua experiência histórica, governado por um pessoal improvisado pelo favoritismo político, com uma instrução pública de pedantes, uma religião de ateus, uma polícia de sicários, uma maioria parlamentar de ineptos, um ministério de energúmenos, uma burocracia de vagabundos e uma diplomacia de curiosos, da qual só é dado esperar através das chancelarias e dos salões da Europa a mais estercoraria pingadeira de "gaffes".