segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Eleições Regionais 2020

 
Com a devida vénia ao Jornal Açoriano Oriental
(artigo que me foi solicitado para o resultado das eleições)
 

"Correspondendo ao honroso convite de aqui rabiscar umas linhas, em jeito de contributo ao futuro, começarei por uma singela historieta.

Dois grandes Amigos. Um fora nosso carismático e peculiar Professor do Seminário-Colégio. O outro, aí nosso bom colega, em tempo de infância. A história passa-se muitos anos depois. O Professor era agora Vigário de pitoresca freguesia e o colega seu dedicado colaborador nos trabalhos paroquiais. Quis doença ligeira que o dito Pároco se tivesse que ausentar em dia de Domingo, delegando no seu velho aluno, embora leigo, uma celebração da palavra, com breve homilia. Rapaz estudioso, correu-lhe bem a palestra. Mereceu rasgados elogios do povo. Puro e são, regressado o Pastor, deu-lhe conta da missão, incluindo o facto de o povo ter ficado encantado, o que, conhecendo o sempre imprevisível Mestre, já seria de suspeitar que não lhe iria cair bem no goto. Ora, assim foi. Chegando-se o Domingo seguinte, sem previamente avisar, sem o desgraçado se ter agora preparado, à hora do sermão, não esteve com meias medidas: “Eh pá, já que gostaram tanto de fulano no Domingo passado, ele hoje é que vai então aqui falar!” E sentou-se a ouvir o improviso, sentenciando do remanso do seu cadeirão: “Eh pá, ó fulano, brilha agora!”

Pois este Domingo veio-me a história à memória, após ver subir ao palco as várias mais ou menos direitas regionais. O que irão resolver para o nosso governo, não sei. Sei apenas que nada ficará como está. Para os Açores e para elas próprias, cada uma das mais ou menos.

Nunca nos Açores o eleitorado deu tantos deputados às várias mais ou menos direitas, sem chamar agora o PPD a esta equação, como é fácil perceber (embora o facto da sua candidatura ser a solo também o tenha beneficiado e ao conjunto maior do espaço não socialista). Mas voltemos às mais ou menos direitas. Em número de oito os eleitos deputados. Estratégia correctíssima, como sempre defendi: vários mercados, vários públicos, várias propostas. Mas eis que, sem que algumas tivessem até tempo de se preparar, nós os eleitores mais ou menos às direitas, depois de tanto as ouvirmos elogiarem-se, demos uma, para elas, inesperada oportunidade. Como já cá não fazíamos há 24 anos.  

E agora a Direita subiu ao palco. Falar foi mais fácil. Difícil é fazer melhor. Embora possível e desejável. Se é “todos com o PSD”, como manda a lógica natural das coisas; se é “basta alguns com o PS” (neste caso o CDS e os seus mais próximos – sem a extrema esquerda, obviamente), por afinal às direitas haver alguma, mais ou menos, que, não sendo de utilidade prática, roa a corda à primeira solução; se é “ir vendo e ir andando”, caso a caso; isso lá elas escolherão. Elas é que estão em palco. E nós teremos memória da postura de cada uma. Diga-se, tal como em 1996, em todas as soluções o CDS é força determinante. E seja qual for a solução, que o seja tranquila, corrigindo-se a parte menos boa desse tempo, entre governo ao chão – governo ao ar.

Por isso, mais ou menos Direitas, a vossa hora chegou. Como diria o saudoso Mestre, que Deus tenha: “Eh pá, ó Direita, brilha agora!”

  

Casas do Frias - Ponta Delgada, 26 de Outubro de 2020

 

Paulo Domingos Alves de Albergaria Botelho de Gusmão

domingo, 11 de outubro de 2020

Paço de Mouronho em Restauro

                                                                        A Porta Principal
                                                                         A Sala Azul
                                                                    O Lagar do Azeite