segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A noite do Madeiro.

No silêncio que oferece a serena noite, só o estalar da madeira timbra o tempo, aquecendo os cantares ao Menino, num sentimento comum que centra naquele aconchegante fogo a imagem da Luz que Ele trouxe ao Mundo. É essa a tradição do madeiro: o calor, também humano, que rasga a gélida escuridão.
Um Menino nasceu! Começou um tempo novo.
O madeiro do Menino é o símbolo do Sol que nasceu para iluminar todo o homem que vem ao mundo.
Os povos antigos faziam o ritual sagrado do fogo no solstício de Inverno para que o sol voltasse a brilhar com maior intensidade. O povo cristão acende o madeiro para que o Menino nascido volte a brilhar na nossa civilização.
Na Casa de São Domingos, à velha Rua do Senhor, cumpre-se o antigo uso. Ali, no coração da sempre Vila, em Domingo da Sagrada Família, este ano 27 de Dezembro, às oito horas da noite, as chamas da tradição iluminam o tempo que passa.
Em redor do madeiro cantam-se laudas ao Menino, recita-se um conto de Natal, as crianças esboçam poesia e aconchega-se a amizade.
Ao entrar em casa, percorrem-se, em serenata, os recantos em que está representado o afecto do Menino, ornamentado por toda a Casa de três modos, pois que o três simboliza todos: em altares, lapinhas e présépios. E para que não falte o número da perfeição: sete altares, sete lapinhas e sete presépios.
E ao terminar, a partilha de singelas mesas postas com os doces típicos e os calicezinhos, popularmente calzins, aguardando, anualmente, neste dia, a fraterna presença dos amigos à visita do Natal.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Concerto de Natal.

No Sábado anterior ao Natal, este ano 19 de Dezembro, pelas 21 horas, é noite de estrear, com a Banda Lealdade, o repertório para o Natal, num pequeno Concerto, por esta promovido, na Matriz de Vila Franca do Campo com o Coro da Prioral.
Em tempo de Advento, mais do que um Concerto, é uma noite de ensaio geral para o Natal, partilhada com a comunidade.
Após uma primeira parte em exclusivo com a Banda Lealdade, juntam-se as vozes, aos timbres dos sopros, para entoar o "Príncipe do Egipto", com o som puro das crianças; o Puer Natus in Betlheem, em processionário beneditino; a sempre bucólica "Pastoral" de Mendelson; a homenagem à Virgem, com a Ave Maria de Witt; e o "Coro 12" do Messias de Haendel, no velho latim, a fechar o canto na secular Matriz micaelense.
Entre silêncio e elevação do espírito, que palmas na Igreja é euforia já em desuso e o importante ainda está para vir: a Noite de Natal.
O tempo, para os cantores, é assim de participados ensaios, que a Festa está à porta. A Grande Noite tem um encanto especial que ainda mais se aviva quando envolta na vontade de dar corpo à arte dos sons, tão intimamente a ela ligada.
Ao toque festivo dos sinos, o Gloria in excelsis Deo marca-a com a harmonia das vozes e a imponência do Órgão de Tubos, mero rei dos instrumentos, prostrando tons de júbilo ao Rei dos reis. Mas é dali, do Coro Alto, que se percebe que aquele será sempre o melhor palco do mundo, de onde a música se eleva não ao agrado dos homens mas à magnificência do Criador.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Santa Luzia o trigo e a ervilhaca vigia.

"Em dia de Santa Luzia - minga a noite e cresce o dia."
De devoção popular, intimamente ligada à aproximação do Natal, dia 13 de Dezembro, a Festa é da Protectora dos olhos.
Reza a história que, quando os guardas vieram buscar Luzia, o seu corpo tornou-se tão pesado que nem muitos homens conseguiram tirá-la do lugar. Foi então vítima de várias torturas, como o fogo que não lhe atingiu e o arranque dos seus olhos que, colocados numa bandeja, voltaram a aparecer, no seu rosto, intactos. Continuou a ser torturada, até que, no dia 13 de Dezembro, um golpe de espada lhe cortou a cabeça.
É orago de três freguesias nos Açores: uma no cimo da cidade de Angra, outra em São Roque do Pico, e outra em S. Miguel: as Feteiras. Foi esta elevada a priorado em 17 de Maio de 1832, com o nome de Priorado de Santa Luzia, com jurisdição sobre a Senhora das Neves da Relva, Senhora da Conceição da Candelária, São Sebastião dos Ginetes e Conceição dos Mosteiros (artº.1º,V).
Celebra a sua Padroeira com bonita Procissão e Eucaristia Solene, cantada pelo Grupo Coral de Santa Luzia das Feteiras. Festejos que têm sido revigorados com o dinamismo do seu Prior, Pe. Maximinio Silva.
Um pitoresco passeio a abrir o Natal. A tempo de chegar a casa e plantar o trigo e a ervilhaca que o dia é o próprio.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Nossa Senhora da Conceição.

As ruas da cidade ganham uma nova cor. Não. Não é das luzes de Natal, que essas já lá estão há demasiado tempo e ninguém lhes liga. Ou melhor, ninguém lhes ligou até agora. Chegada a Festa da Senhora da Conceição até parece que, só agora, elas se acenderam. Paira no ar o encanto de quem espera o Natal.
8 de Dezembro. Dia Santo de guarda em honra da Rainha de Portugal, também aqui, nesta cidade, venerada com devoção. A Sua Imagem, trazida da Igreja do Carmo, há mais de 100 anos, em Procissão, para a Igreja Matriz, aqui ficou por "permuta" com a Imagem de Nossa Senhora do Carmo, a pedido dos comerciantes da Cidade que a têm por Padroeira e a queriam, por isso, mais perto de si.
Nos costumes, é por estes dias que se estreiam os presépios nos salões e recantos das velhas casas da cidade.
As Novenas à Senhora decorrem com grande afluência, sendo a última, em Missa Solene, no Domingo às 5 de tarde. A Festa, na Terça-Feira, consta também de Solene Eucaristia, à mesma hora, seguida de pequena Procissão à volta das Portas da Cidade, num gesto simbólico de benção a toda a urbe ali representada na sua entrada nobre.
E, à noite, reza a tradição que é dia das montras. Antigamente o tema obrigatório era o Natal... Sim, o do Nascimento do Menino. Ou a sua Mãe que O espera. Hoje, felizmente, ainda há uns afoitos que o reeditam. São a alma da festa. Nunca chego a saber se são os que ganham os prémios. Sei apenas que são os que ganham a nossa admiração...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Duarte Gonçalves Rosa.

Nascido a 26 de Novembro de 1957, na cidade de Angra, Duarte Gonçalves Rosa, Mestre de Capela da Sé Catedral, iniciou os seus estudos musicais com a Professora Maria Letícia Mourato.
Frequentou a Universidade dos Açores e completou o curso de Filosofia/Teologia no Seminário Episcopal de Angra. Licenciou-se em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta e, em Direcção de Coro, pela Escola Superior de Música da Catalunha. É professor na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, encontrando-se destacado na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, onde tem tratado do espólio de Tomás de Borba e de Francisco de Lacerda.
Publicou em 2008 o maior estudo sobre Tomás de Borba, grande vulto da Música no País, nascido na Rua do Galo e crescido na emblemática cidade de Angra do séc. XIX.
Está a trabalhar na sua tese de doutoramento, na Universidade dos Açores, sob orientação dos Professores Rui Vieira Nery e Carlos Cordeiro, na temática de Tomás de Borba.
Integrou o Quinteto e o Trio de Câmara da Associação Musical da Ilha Terceira (AMIT) e foi director artístico do Coro Tomás de Borba, da mesma instituição.
Participou no Coral S. Jordí, de Barcelona, o qual dirigiu no Stabat Mater, de Francesc Andrevi, com a Orquestra da ESMUC, na Universidade de Cervera, e colaborou com o Coro de Música Antiga da ESMUC, em Barcelona, na Messe de Minuit, de Charpentier. Teve a oportunidade de acompanhar ao órgão a Escolania, de Montserrat, num concerto de Advento, em 2004.
Actualmente dirige a Capela e a Orquestra Catedralícia da Sé de Angra e é vogal da Comissão Diocesana de Liturgia e Música Sacra.
Tem posto de pé preciosidades musicais esquecidas nos Arquivos da Catedral, como a Missa Brevis, de D. Pedro IV, no encerramento do centenário do Regicídio; as Matinas da Sagração da Catedral, composição de José João Baldi, do ano de 1808, aquando da passagem dos 200 anos; ou, nos 475 anos da Diocese, a Missa Solene de D. Pedro IV, dedicada ao Papa Leão XII, e, em estreia absoluta, a obra Nunc Dimittis, de Antero Ávila.
O Maestro Duarte Rosa, honrando e restaurando os pergaminhos do Coro da Catedral, tem dado assim à Diocese, da Igreja Mãe dos Açores, um estímulo ao valor da arte na Igreja e da importância da Música Sacra, ao promover e dirigir Concertos com obras esquecidas pelo tempo, integrando-as, por vezes, na liturgia. Não se trata de repetir apenas peças executadas noutras paragens, mas da muito mais difícil missão de, volvidos muitos anos, devolver o sopro da vida a um punhado de papéis velhos, transportando o homem para a intemporalidade no louvor ao Criador.
Génio da Música e Grande Amigo.
Muitos Parabéns!
Paulo Domingos Alves de Albergaria Botelho de Gusmão

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hoje é noite de São Martinho!

Nas Casas do Frias - Casa de São Gonçalo, comemora-se hoje, sexta-feira anterior ao 11 de Novembro, a noite de São Martinho.
Lá estarão os irmãos de São Martinho, rondando o número de nove, pois de nove se faz Novembro e em nove provas se abre o vinho.
Por isso, aos confrades permanentes e ao Provador, o convidado que lidera a nobreza da Prova, é de lembrar que, à velha adega, há que chegar a tempo de, ao toque sereno das nove badaladas, logo em ponto começar. E, como diz o nosso povo, quem se atrasa, para o ano fica em casa...
Um irmão traz, aos costumes da tradição, umas palavras para abrir a rodada que irá servir daquele puro vinho aromado das Grotas Fundas, um petisco para o acompanhar e a cantiga que entoará à despedida da sua ronda, passando a palavra ao de idade seguinte, e assim até que se concluam as nove voltas que à pipa se há-de dar em noite de São Martinho.
Na Capela, fica a imagem do popular soldado romano a partilhar a sua capa com um necessitado mendigo, num apelo actual ao nosso sentido de inter-ajuda.
À maioria dos confrades de São Martinho, uma vez que o confrade que exerce o cargo de Batoqueiro continua a celebração pelo resto do ano, à despedida das comemorações, ficam os nove cravos que ornamentam a imagem, representando, em cada um, cada uma das nove famílias dos confrades, a alegria da partilha e o valor da amizade.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O dobrar dos sinos.

Na sua linguagem ancestral, uma das mais belas cadências dos sinos é o seu toque de dobre, o qual, em terra lusitana, do alto das torres das catedrais ou do cimo dos campanários de recônditas aldeias, é o toque de Finados: o choro dos sinos por aqueles que partiram desta vida.
É extraordinário como, do mesmo instrumento e do conjunto dos mesmos timbres e tons, tanto se enche o som da mais profunda tristeza, como, em dia de repique, se anuncia alegria, vida e Ressurreição. Apenas pela diferença de ritmo ou, talvez mais importante, pela diferente simbologia com que cada toque envolve o nosso espírito, que os tem imbuídos na nossa própria identidade.
Assim é por estes dias...
Após festejarmos os Santos com indubitável alegria, lembramos os nossos que partiram, que nos transmitiram o que somos e O que cremos, pedindo por eles e para que possam estar em situação próxima dos festejados.
Há quem fuja de tristezas. Mas, quase por azar, vão-lhes, mesmo assim, bater à porta.
Há quem encare a vida com alegria. Destes, são as tristezas que, naturalmente, lhes fogem, porque em tudo o que lhes chega conseguem descobrir ponta de alegria e de esperança.
Ora, para quem se se enquadra nestes últimos, quão grande é a beleza desse encontro entre os que estão e os que partiram: cadenciado pela gravidade dos sinos que choram sem silêncio; decorado pelo pesado preto que não precisa de côr para se impor aos olhos cansados de banalidades; interiorizado no íntimo das almas que conseguem admitir em si a pequenez humana com que duvidam do Divino; amarrado a notas largas que timbram vozes suplicantes em ardente Requiem: Libera me domine de morte aeterna...
Outros preferem esconder-se da realidade da Vida.
E, quanto mais se escondem, menos descobrem a Alegria...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Igreja aberta aos Anglicanos.

Numa decisão surpreendente, o Santo Padre abriu as portas da Igreja Católica ao clero e fiéis anglicanos que queiram manter as suas tradições e ritos. Através da criação de Ordinariatos Pessoais, como a estrutura da Opus Dei, poderão os anglicanos ingressar na Igreja Católica mantendo a sua identidade e costumes. Unidade com respeito pela sua identidade histórica.
Num gesto também inédito, em Inglaterra, a Igreja Católica e a Igreja Anglicana, em conjunto, fizeram uma conferência de imprensa louvando a decisão do Vaticano.
Embora tendo contra si a esmagadora maioria dos obreiros da secularização, este Papa marcará a Igreja como o Papa da unidade entre os verdadeiramente crentes.

domingo, 18 de outubro de 2009

Hoje faz anos...

A Menina Maria dos Anjos Amaral, ilustre cantora, dedicada enfermeira e belíssima Comadre! Muitos Parabéns.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

16 de Outubro de 1921.

Nasce na freguesia de São Miguel, concelho de Vila Franca do Campo, Aristides de Medeiros Gusmão, filho de Maria Hermínia Soares Botelho de Gusmão, de 37 anos de idade, e de João Pacheco de Medeiros, de 51 anos de idade, neto de Jacinto Soares de Albergaria Botelho de Gusmão e Maria Isabel Moniz da Piedade, e de João Pacheco de Medeiros e Maria da Conceição Bento Sampaio.
Muitos Parabéns.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Estatutos dos Antigos Alunos do Seminário.

Hoje é o grande dia anual dos antigos alunos do Seminário Colégio do Santo Cristo. Missa às 19.30 por alma dos antigos professores e alunos já falecidos e Jantar no São Miguel Park Hotel, antigo edifício do Seminário. É dia de reviver a Infância e manter esperança no Futuro. Mas é também um dia de boa disposição. Aqui ficam os Estatutos...
ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE ANTIGOS ALUNOS DO SEMINÁRIO COLÉGIO DO SANTO CRISTO

1º É instituída a Associação de Antigos Alunos do Seminário Colégio do Santo Cristo.
2º O Presidente é o Tibério.
3º O José de Melllo também.
4º E o Nelson. Se deixar de telefonar e mandar emails às pessoas que estão no seu sossego.
5º E se mais alguém quiser ser Presidente é só dizer que se acrescenta mais um artigo aos Estatutos.
6º Só estão impedidos de ser Presidentes o Bento, o Róias e o Rainha: o Bento tem de manter a moral do Liceu; o Róias, a moral da Domingos Rebelo; e o Rainha, a moral dos Bombeiros.
7º As listas à direcção estão sujeitas à regra da paridade, só se podendo realizar eleições quando sejam apresentadas listas com igual número de antigos alunos de ambos os sexos.
8º As primas e outras amigas não contam para o efeito previsto no artigo anterior.
9º O Capelão não é nomeado nem eleito.
10º É o José Júlio.
11º Todos são livres de manifestar as suas convicções religiosas, excepto o Brilhante enquanto não voltar a ser Católico.
12º A Associação reúne de quando em vez.
13º O Luís Leite poderá vir ou não. Tanto faz!
14º Quando houver jantares, o Tibério não paga - sempre sai mais barato do que as comissões altíssimas que os organizadores têm levado nos anos anteriores.
15º Quando o Jantar for muito regado, o Tibério e outros faladores, nos quais se inclui o de Mello, ficam expressamente proibidos de dar ideias muito extensas.
16º No caso de oradores que gaguejam, nem extensas, nem breves.
17º O José de Mello só pode contar a história do Seminário quando na liturgia decorrer o Ano C e, mesmo assim, só se estiverem presentes todos os antigos professores da casa.
18º Os associados que queiram usar o Hotel devem dormir em grupos de catorze e estão proibidos de usar o elevador, tudo em nome da tradição.
19º Os associados que vêm ao Jantar e não vão a seguir tomar um copo com os amigos serão os últimos a sair, aguardando à porta do quarto do Reitor, até que o próprio os mande embora.
20º O associado Paulo Pinheiro fica expressamente proibido de passar multas aos colegas, de um modo especial no interior do edifício.
Disposições Finais
21º Todo o património da Associação será pouco para pagar as dívidas do referido Tibério.
22º Os presentes estatutos nunca foram aprovados. Paciência! De qualquer forma, estão em vigor desde sempre.
23º A interpretação e a integração de lacunas destes Estatutos serão feitas por quem os escreveu, o qual os revogará quando entender oportuno.

Seminário Colégio do Santo Cristo, 3 de Outubro de 2008
Publique-se. O Monitor Geral 1988-89.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Domingo é dia de Partidos...

Em fim de semana de eleições, vêm-me à memória, com satisfação, as alegres campanhas de rua que, normalmente fugindo à imprensa e aos encontros com políticos de profissão, percorriam os recantos de toda a Ilha, palmilhando-a à Canada e ao Outeiro, juntando, à sua volta, descontraída caravana que, sem grandes preocupações em convencer o povo do que quer que fosse, rapidamente se deixava convencer pela beleza do mundo rural e pela grandeza desse Povo profundo. Talvez por isso, por essa empatia à primeira vista, vá-se lá saber como, na hora da verdade, os votos caíam naquela sigla como nunca tinham caído antes, nem alguma vez voltariam a cair.
Não sei se hoje as pernas se readaptariam àquela romagem anual de trinta dias em caminhada de sol a sol, com tradicional paragem nas mais puras adegas que salpicam a Ilha da cor da felicidade de quem partilha o melhor vinho que lhe enche a adega...
Mas, essa parte hoje já só é memória.
Outra há porém, o dia dos votos, cuja solução de nem lá ir ainda não me convenceu de ser a melhor. Apesar de tudo há sempre um mal menor!
Domingo é dia de votos e ando aqui às voltas com esse aborrecimento de só poder votar uma vez.
Queria dar um voto ao CDS. Nem que seja por tradição: a maior parte das vezes votei nele e tendo um bom candidato pelos Açores, o Professor Universitário Félix Rodrigues, não há razões para não lhe dar o meu voto, além de que não gosto de o ver atrás dos comunas e dos bloquistas.
Queria dar um voto ao PPV. O Portugal Pró Vida é um novo Partido que tem como objectivo a defesa dos valores em que eu acredito: a Vida e a Família. Segue a Doutrina Social da Igreja e é um movimento cívico sem pretensões de poder, tendo-se constituído a partir dos movimentos de defesa da vida humana.
Queria dar um voto ao MEP. O Movimento Esperança Portugal é também um novo Partido, estreado na Europeias, e vem trazer um discurso pela positiva à política. O resultado das Europeias permitia a eleição de um deputado ao Parlamento. É gente de princípios e com muita garra em defesa do bem comum.
Queria dar um voto ao PPM. É muito liberal para meu gosto e gasta o seu tempo a destruir a causa monárquica em guerras desnecessárias contra o Senhor D. Duarte. Mas tem história e tem carisma. E gente extraordinária que vive a nossa História e os nossos valores tradicionais, como o bom amigo Gonçalo da Câmara Pereira. E o candidato dos Açores, Paulo Estevão, também daria um óptimo Deputado no Parlamento.
E talvez até desse também um voto ao PNR. É verdade que tem umas tropas repletas de cavaleiros do asfalto, forrados de tatuagens e com o cabelo curto de mais para o frio que faz em Lisboa. Mas o líder, Pinto Coelho, diz aquilo que toda a gente tem medo de dizer, é o único que não presta vassalagem ao 25 de Abril e está próximo de ser eleito deputado por Lisboa, o que seria uma pedrada no charco esquerdoso que domina a Nação. E para combater essa virulenta esquerda só mesmo com as tropas que tem à volta!
E, claro, o PSD. Então a nossa Manuela conseguiu trazer o PSD mais para a Direita e não merece a recompensa do nosso voto? Se ela perde, já está à espreita o tal Passos Coelho, um socialista do está na moda, como a maior parte dos oportunistas da política, sem quaisquer convicções profundas conhecidas.
O problema é que Domingo só tenho um voto! Pouca sorte.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tempo de ensaios...

Aqui fica o endereço para o Coro 12 do Messias de Haendel:

http://www.youtube.com/watch?v=rfQddqu3G7M&feature=fvw

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"Um mero assento"

Um artigo de BENTO SAMPAIO:
Deveras baralhado com o insólito, apercebi-me que o desgraçado, de mãos atadas, cansado da caminhada, estava rodeado de outra gentalha.
“Tenho sede, tenho fome e tenho medo dos dias e dos vales…”, isso me pareceu ouvir da boca de um homem, alquebrado, sem fala que se lhe ouvisse, sentado numa pedra.
Abeirei-me da criatura, e um semblante sofredor, escorrendo suor farto, dizia bem da sua penosa jornada, de rumo incerto, “quem sois?”, nada me disse, apenas arfava, “claro, estais estafado, bom homem…”, e a resposta do pobretana foi a de menear simplesmente a cabeça – pudera, estava enfraquecido e despojado de si.
Descansava ali numa pedra, depauperado, já se vê, num mero assento que me pareceu ser o contrapeso de um lagar desmantelado. Talvez de alguém que deixara vinha, terra, casa, tudo que tinha, para ir em cata de fortuna fácil nas Américas, pensei.
Mas, ao menos, não teria aquilo que abandonara, um pequeno valor, qualquer coisa que desse para comprar uma pequena casa, para início de vida?
Pois claro, então a terra, pouca que fosse, empoleirada na rocha, a vinha descuidada de anos, o lagar uma boa peça para o museu, nada disso se aproveitaria?
Logo apareceu um outro homem, explicando-me que de nada lhe servia o que os seus de sangue lhe deixaram, “não, meu caro senhor, estou desiludido…”, e eu ainda tentei demovê-lo, “e os filhos, veja lá o que faz…”, mas ele, determinado, “vou seguir esse homem”, e juntou-se a outros, “e nós também”, secundaram.
Deveras baralhado com o insólito, apercebi-me que o desgraçado, de mãos atadas, cansado da caminhada, estava rodeado de outra gentalha, esfaimada de ódio, de sangue, e clamavam vingança, “mas de quê, santo Deus?”, interroguei-me perplexo, que a arraia não arredava pé do seu troféu, “crucifica-o!”, gritavam para um opulento guardião da ordem, “crucifica-o!”, e dali não desarmavam.
Já se percebeu que a minha Vila, diria, lembrou a via crucis, pois que não é caso para se dizer que festejou a afligida andada do Senhor Bom Jesus da Pedra a caminho do Calvário.
Ainda há um mês, na Ponta Garça, O vira no regaço de Sua extremosa Mãe, expondo-se morto aos fiéis viventes, esses derriçados em depravadas cabanas de divertimento, numa louca orgia de berreiro – que pena me fez.
E eu que me gabava das gentes da minha terra, paciência…
Oh, se me lembra de ver passar, à nossa porta, magotes de gente, meia-tarde, atravessando os Tufos, vindos da Ribeira Quente, para assistir à impressionante Mudança, sem aparato, apenas o andor carregando a Imagem do Condenado – só a “Fanfarra Lealdade” e a “União Progressista” suplicavam, em sons cavos, o amparo a todos nós.
E aquele rancho de almas, gente feliz com lágrimas, saudava-nos alegremente, “vamos para o Fogo do Senhor da Pedra!”, e eu perguntava a meu pai, deveras espantado, “que fogo?!” – ai, tão diferente era o amor à terra.
Hoje, o Fogo é outro, majestoso, admirável, de encher os olhos de deslumbramento, é verdade; mas passeamo-nos rapidamente, encurtando caminho, abrindo a direito, derrubando o viço – e para quê tamanhas esteiras de betão – numa ânsia de tudo se ver por fora, sem o mínimo empenho de se mirar por dentro a alma de outra gente que urdiu o belo em obras consagradas, e lá se foi de nossas vistas o campo, a flor e a madrugada.
É óbvio que não faço a apologia do céu brilhado para gáudio de poetas, ou a quimera de Improvisos e Nocturnos, em noites cálidas do imenso estrelado, nada disso.
Agora, com o Verão a ir-se para outras bandas, talvez fosse de bom-tom acalmar os ânimos exaltados, sentamo-nos num mero assento de pedra, e retomar as veredas de algum discernimento, acautelando a beleza dos Tufos, na minha Ponta Garça e a orla costeira ainda intacta, tudo o que o Criador – pronto, Esse ou Alguém por Ele – nos legou.
E agora o meu reparo: não repitam, noutras voltas da nossa Costa, outros atentados como o do Pesqueiro, o da Calheta de Pedro de Teive e de outras enseadas, para que vingasse o delírio de se ter uma Litoral à maneira…
Pois alevá… os banhos de ruralidade puseram-me assim. Coisas minhas, só isso.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Maria Inês Gonçalves Lopes.

Nasceu, no passado dia 23 de Agosto, a bonita Menina Maria Inês Gonçalves Lopes, filha de Tibério Gil Lopes e Vânia Gorete Gonçalves.
O apreciado nome lembra Santa Inês, seguidora de São Domingos de Gusmão.
Aos seus pais e avós, os nossos Parabéns.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A Aventura do Escutismo.

Enquanto se prepara o acampamento anual das crianças para este fim de semana, na Vila, lembrei-me que há, de facto, coisas boas. Ocupamos demasiado do nosso tempo a pensar nas desgraças que nos rodeiam, naquilo que já não vale grande coisa, ou que ainda não é como deve ser, esquecendo, ou não dando o verdadeiro realce, ao que continua a ter um papel essencial na nossa comunidade.
O propósito de ultrapassar o que parece impossível, desenvolvendo no escuta a confiança, em si e nos outros, que lhe ensina a desembaraçar-se das dificuldades, utilizando os meios de que dispõe, assim como a grande escola da natureza, cuja linguagem disponibiliza um conjunto de valores, são dimensões que o escutismo continua a aprofundar em muitas crianças e jovens de hoje, também aqui, nestas nossas ilhas, apontando um caminho ético, intelectual e físico.
Como Lord Baden-Powell of GilWell, o fundador, deixou escrito, em jeito de mensagem, quando, em 1941, procurou o Criador: “Passei uma vida felicíssima e desejo que cada um de vós seja igualmente feliz. O melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros.”
Veio-me à saudade o agrupamento 114, em Angra. Lembrei-me do conforto de espírito de estar materialmente em condições simples, de quão rica é a natureza na sua espontaneidade, embora cada vez mais distante. Dei por mim entre os quilómetros que separam a Lagoa do Ginjal da cidade, e, esta, da Lagoa do Negro. Deparei-me entre o desafio do cume do Pico e o sossego que a noite corvina empresta ao Caldeirão.
E, ao longe, o ritmo dos tambores cadenciando o brio das fardas. Ou o fogo, ou a água, ou o sereno, ou a riqueza das coisas simples.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

À Virgem Maria.

Num sonho todo feito de incerteza,
De nocturna e indizível ansiedade,
É que eu vi Teu olhar de piedade,
E mais que piedade, de tristeza ...
Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade.
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza.
Um místico sofrer, uma ventura,
Feita só de perdão, só de ternura,
E da paz da nossa hora derradeira.
Ó visão, visão triste e piedosa,
Fita-me assim calada, assim chorosa,
E deixa-me sonhar a vida inteira.
Antero de Quental

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

São Domingos de Gusmão.

Celebra-se, a 8 de Agosto, São Domingos de Gusmão.
Na noite de 24 de junho do ano de 1170, na pequena cidade de Caleruega, em Castela, Província de Burgos na Espanha, nascia Domingos, o filho caçula do Conde, Dom Félix de Gusmão, e de Dona Joana D’Aza. Antes de nascer, sua mãe, profundamente religiosa, teve um sonho misterioso: viu um cão que trazia na boca uma tocha acesa que irradiava uma grande luz sobre o mundo (assim como o cão é fiel ao dono, São Domingos seria fiel a Deus, e, com a tocha acesa, incendiou o mundo no amor de Deus). Na Pia Batismal recebe o nome de Domingos, em homenagem ao Santo Abade Domingos de Silos.
Ainda pequeno, já em idade escolar, foi confiado aos cuidados de um tio padre que lhe ensinou as matérias elementares, além das funções litúrgicas e pastorais. Quando completa 15 anos, aluga um quarto de pensão na cidade de Valência, e lá, dedica-se integralmente aos estudos na célebre Universidade de Valência. Destaca-se nas ciências liberais, cujo programa era a gramática, dialética, lógica, retórica, aritmética, música, geometria e astronomia. Estudou também filosofia, teologia, sendo ordenado sacerdote.
Como Padre acompanhou o Bispo de Osma e, na viagem, pôde sentir de perto o problema religioso do sul da França e de outras regiões européias, infestadas por grupos religiosos, fanáticos e subversivos. Domingos decidiu permanecer no sul da França, dedicando-se junto com alguns sacerdotes, na simplicidade e na pobreza, ao ensinamento da Doutrina Cristã. Deste grupo de pregadores surgiu a Ordem dos Pregadores ou Dominicanos, cujas características fundamentais eram a espiritualidade sacerdotal com profunda formação teológica; a devoção à Igreja, às almas e ao culto da verdade; a vida comunitária como meio ascético de santificação para maior desempenho da vida e da acção sacerdotal; e a espiritualidade apostólica, sobretudo na pregação.
Domingos era apaixonado pela música e disto fez uso muitas vezes durante sua vida. No entanto, a grande alegria do jovem Pe. Domingos era caminhar por estradas, bosques e montes, cantando a “Salva Rainha”, meio pelo qual não cessava de louvar e enaltecer a Mãe do Filho de Deus, cantando-lhe as maravilhas dentro de uma poesia rica de lirismo e sentimento, muito próprio de sua época. Reconhecia o valor dos que se enclausuravam, mas sabia que era também preciso agir, falar, fazer algo para que o Evangelho fosse anunciado. Assim, ele compreendeu a contemplação como meio principal pelo qual se formaria o missionário, o apóstolo, através da oração, do estudo e da reflexão. É como se o dominicano fosse um vasilhame que colheu água da fonte para que os outros pudessem depois bebê-la. Por isso é que a Ordem tem por lema: “Dar aos outros o fruto da nossa contemplação”.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Senhora da Piedade.

No próximo fim de semana decorrem as Festas da Senhora da Piedade, em Ponta Garça.
A Imagem, que o povo venera, sai à Rua após a Missa de Festa no Domingo, dia 2 de Agosto, a qual é solenemente iniciada às 16.30, celebrada pelo novo Vigário, Pe. Jason, e cantada pelo esmerado Coro de Ponta Garça, com Missa de Angelis e Gloria de Vivaldi.
E, no meio do tão vasto programa que acompanha estes dias de Festa, que sobre tempo para lembrar a imortalidade d'Aquele que a Virgem suporta nos braços ou, como como lhe pedimos à Entrada da Festa,
"quando, enfim, descer à terra,
conduzi minha alma à glória,
conduzi minha alma à glória do descanso eterno."

segunda-feira, 27 de julho de 2009

sexta-feira, 24 de julho de 2009