Com o merecido agradecimento ao Amigo e Afilhado José Pacheco.
sábado, 30 de outubro de 2021
sábado, 23 de outubro de 2021
Entrevista ao Jornal "A Crença"
Com a devida vénia ao centenário Jornal vila-franquense e ao seu ilustre Director, Pe. Doutor José Paulo Machado.
sábado, 16 de outubro de 2021
No Centenário do Nascimento de meu Pai, Aristides de Medeiros Gusmão (16 de Outubro de 1921)
XIII neto de Gonçalo Vaz
Botelho, fundador da nossa querida Vila Franca do Campo, e bisneto legítimo do
último Senhor de Vila Franca, o morgado Manuel
José Botelho Coutinho e Gusmão, e de Josefa
Victoria Bettencourt Soares de Albergaria, herdeira da Casa Soares de
Albergaria, de Ponta Delgada, neto legítimo de Jacinto Soares de Albergaria Botelho de Gusmão, Fidalgo Cavaleiro
da Casa Real e Presidente da Câmara de Vila Franca do Campo, e de Maria Isabel Moniz da Piedade, tetraneta
legítima dos Capitão-Mor de Santa Cruz da Lagoa, assim como de João Pacheco de Medeiros, Comendador da
Ordem de Cristo, e de Maria Devilde da
Conceição Bento Sampaio, filha de João Bento Sampaio, Capitão, Aristides de
Medeiros Gusmão era filho de Maria
Hermínia Soares Botelho de Gusmão e de
João Pacheco de Medeiros Júnior, nascido a 16 de Outubro de 1921, Domingo, às
sete horas da tarde, na freguesia de São Miguel, em Vila Franca do Campo.
Foi Baptizado na Igreja
Matriz de São Miguel Arcanjo, pelo Prior Jorge Furtado da Ponte. Foi seu
Padrinho o primo Albano de Gusmão Tavares do Canto Taveira, Juiz, da Casa dos
Senhores da Ribeira Grande.
Fez a Catequese e tomou a Primeira
Comunhão na Igreja de São Pedro de Vila Franca do Campo, tendo aí sido crismado
pelo Bispo de Angra, D. Guilherme Augusto Inácio da Cunha Guimarães, sendo seu
Padrinho o Vigário, Padre Manuel Pacheco de Sousa, de quem foi Menino do Coro
durante vários anos.
Fez a Instrução Primária em
Vila Franca do Campo, na antiga Escola sita atrás da Igreja de São Pedro,
nesses tempos em que as crianças chegadas à Escola, após rezarem, iniciavam o
dia com o canto da terra, o qual, ao final da vida, com saudade, ainda se
recordava de cor:
Vila Franca, Vila Franca
Vila
Franca terra amada
Com
tanta estufinha branca
A
brilhar à luz doirada.
Ao
norte, serras viçosas
A
abraçarem o céu;
Ao
sul um mar de rosas
A
dar a volta ao ilhéu.
Após concluir com distinção a Escola Primária, veio morar em Ponta Delgada e ingressou na Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada, hoje Escola Roberto Ivens, onde concluiu com êxito o curso geral.
Proprietário de profissão,
tal como todos os seus antepassados desde o início do Povoamento, viveu não
apenas dos rendimentos de que usufruía, como do investimento que ia fazendo em
imóveis que, num misto de rendimento e entretenimento, ia adquirindo, mandando
restaurar e arranjando dono… Assim o fez a dezenas de casas, em Angola, em Vila
Franca, em Ponta Delgada e, nos últimos anos, em apartamentos nos arredores de
Lisboa, chegando em alguns casos a mandá-las construir de raiz.
Bom comunicador e excelente
contador de histórias, viajou pelos quatro cantos do mundo, passando grandes
temporadas na cidade de Lisboa, percorrendo por diversas vezes as várias
cidades do País, assim como as principais cidades da Europa.
Em 1950 foi para Angola,
como responsável pelo Grémio do Milho, por indicação do Dr. Manuel Ramos de
Sousa, director dos serviços de economia de Angola, e recomendação do Primo
Visconde do Botelho, como gostava de contar com honra e gratidão.
Atracou no porto de Luanda a
23 de Maio de 1950, no velho navio “Mouzinho de Albuquerque”. Viveu, primeiro,
entre o Lobito e Benguela, e depois na cidade de Silva Porto (hoje Kuito), após
Nova Lisboa (Huambo), durante seis anos. A sua passagem por África marcou-o
muito positivamente, mantendo ao longo da vida belíssimas recordações dessas
vivências de então.
Avisado por carta da
terminal doença do pai, quis regressar a S. Miguel para estar com ele, mas a
viagem de um mês que os separava já não permitiu encontrá-lo com vida, pois que
no Domingo do Senhor da Pedra, 26 de Agosto de 1956, estando a Imagem a passar
à janela de Casa, seu pai, vencido pela doença, partia deste mundo, uns dias antes
de se poder cruzar pela última vez com o regressado filho.
Só chegou, após ter passado
pelas Canárias e por Lisboa, visitando Fátima (por coincidência, sem o saber,
no dia em que seu pai falecia), à espera do barco que o trouxesse a São Miguel,
em Setembro, tendo saído na quinta-feira, dia 13, e chegado na segunda-feira,
dia 17. Embora o pai já estivesse sepultado, não mais voltou a Angola, para dar
conforto à mãe naquela hora difícil.
De África trouxe, além de
uma colecção de adereços e decorações exóticas e diferentes à época, uma
macaca, a qual, exposta no Balcão da Casa de Família, fez as delícias da
criançada daqueles anos cinquenta que àquela velha Rua do Senhor acorriam,
atrás de tão desconhecido animal. Quando morreu foi mandado embalsamar e doado
ao museu Carlos Machado, onde se encontra exposto (afinal tratava-se da
homenagem a uma rainha!) Chamava-se Nacatola (nome da Rainha indígena do povo
de Luanda que ficara famosa na cidade por ter participado de um atrevido e logo
despedido funcionário dos comboios que, menosprezando o ancestral título, a
impedira de aceder à carruagem “executiva”).
No Inverno de 1958 foi até
ao Brasil, onde permaneceu por uma temporada, tendo de lá trazido um papagaio
que enchia a casa com a sua voz, mas a doença silenciou-o precocemente….
Em 1960 percorreu o País de
Lisboa até Monção.
Também em Novembro, mês das
almas, em 1962, falecia a sua mãe, para o que fez questão de organizar um
funeral de homenagem à antiga, com todo o colégio do clero do Concelho e as
duas Bandas da Vila: a nossa Lealdade, fundada pela direita miguelista, depois
regeneradora de nosso bisavô Jacinto Botelho de Gusmão e a União, do Partido
Progressista de seu irmão e nosso tio Nuno Botelho de Gusmão, 1º Visconde do
Botelho.
No final de 1963, viajou aos
Estados Unidos da América, onde permaneceu durante alguns meses, ficando em
casa dos parentes Angelina Furtado Ramos e Augusto do Couto Ramos, os quais nos
haviam visitado em Junho de 1963.
Regressando em 1964, visitou diversas cidades europeias, como Madrid, Paris e Lourdes. Em 1965 foi a vez de percorrer o País de Lisboa até aos Algarves. Em 1968 visitou Itália, nomeadamente as cidades de Roma e Veneza. Entretanto as viagens tinham por maior demora o encanto de Lisboa.
Foi na viagem a Roma, cuja
primeira parte ia de Ponta Delgada a Lisboa de barco, passando pela Madeira,
que conheceu a sua adorada Maria Rita, a qual viajava com as irmãs em passeio à
capital. Conheceram-se, mas cada um seguiu o seu destino. Lisboa, porém, não
foi grande suficiente que impossibilitasse de se reencontrarem no regresso de Roma.
O sinal ou a coincidência marcou-os, tanto mais que o reencontro aconteceu na
Igreja do Patrono desta Família, São Domingos de Gusmão.
Ao santinho foi entregue a
incumbência de garantir o sucesso posterior ao reencontro. Pois tanto assim foi
que, a 17 de Janeiro de 1970, com 48 anos de idade, casava na Igreja da Boa
Nova, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, da freguesia de São Gonçalo, da
cidade do Funchal, terra da Noiva.
Ao primeiro filho rapaz que
nascesse dar-se-ia o nome de Domingos em merecida homenagem ao invocado Santo,
o que veio a acontecer, embora enfeitado com o nome de Paulo, às modas da época…
Homenagem que não estará assim totalmente esgotada, deixando aos vindouros desta
Família esse bonito e tão simbólico nome - Domingos (do latim, Do Senhor) - para ser usado e abusado!
Nasceu o dito
filho em 1974, quando já completara 52 anos de idade, tendo já antes tido a sua
filha, Cármen Maria, em 1971.
Viveram na
Madeira; em Lisboa, na Avenida D. Carlos, em casa da cunhada Manuela, e, sendo
minha mãe aí colocada Professora, em Santa Iria da Azóia; em Vila Franca do
Campo, na Casa mandada construir na Rua da Paz, e na nossa Casa de Família, à
Rua do Senhor; na Lagoa, na Rua D. Manuel de Medeiros Guerreiro, na Casa
adquirida à família do emérito Bispo que ali viveu e deu nome à Rua; em Ponta
Delgada, na Casa da Rua de Sant’Anna; e em Algés, na Avenida dos Bombeiros.
Desde 1992 dividiram o ano entre as duas últimas residências, Ponta Delgada, de
Verão, e Algés, de Inverno, onde tinham por vizinhos cada um dos filhos e
respectivos netos…
Entretanto continuaram a
ronda pelo mundo, tendo visitado juntos a Europa, a Terra Santa, Marrocos, a
Tunísia, a Turquia…
Em 2013, já com 91 anos,
visitou pela última vez a sua Ilha e a sua Vila, por bonita coincidência, à
inauguração da Ermida do seu venerado São Domingos, já em estado debilitado,
mas quis o destino ou o Santinho que, mesmo sem entender bem que se tratava de
nova Capela diferente da nossa de Ponta Delgada, estivesse presente.
Desde então ficou-se por
Algés, aos dedicadíssimos cuidados da sua amada mulher. Numa das suas últimas
visitas ao hospital, regressando o inconsciente à infância, pedia para que se
chamasse o carro de praça que o levasse à sua longínqua Vila. O carro não o
trouxe, mas a 02 de Novembro de 2015, com 94 anos de idade, em dia de Fiéis de
Defuntos, na sua cama e, após o pequeno-almoço, disse à sua sagrada esposa que
ia agora descansar e, virando a cara, partiu para a vida eterna.
Os restos mortais ficaram
por Carnaxide, sendo, com pena nossa, o primeiro, em treze gerações desde o
Povoamento da Ilha, a não ter sido sepultado na nossa Vila Mãe… Mas esse é
desgosto certamente menor e até corrigível, face à ausência da veneranda figura.
A minha reza
diária e a nossa sentida gratidão pelo que nos transmitiu do que recebeu dos
nossos de tantas gerações…