segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Exposição Real na Biblioteca Municipal de Ponta Delgada

"Se mandarem embora os Reis, hão-de tornar a chamá-los". Foi com esta frase de Alexandre Herculano que José de Almeida Mello iniciou o seu didático discurso de inauguração da exposição "Dona Amélia e Dom Manuel II - os Ùltimos Reis de Portugal", a qual chama ao presente estes importantes vultos do nosso País, numa belíssima iniciativa da Associação Cultural Mnesis 9 e da Biblioteca Municipal em defesa do nosso património histórico.
De registar que José de Mello tem sido dos poucos, nesta Região, a promover eventos que evocam a Monarquia, enquanto precioso legado da nossa memória colectiva. Lembremos o aniversário da visita Régia. Independentemente das opções de regime de cada um, a verdade é que a Monarquia representa oitocentos anos da nossa História que não podem nem devem cair ingratamente no esquecimento, como se cada geração se sentisse o "umbigo" do universo: o princípio e o fim...
Aqui ficam os nossos Parabéns, recomendando uma visita à interessante exposição, a qual estará patente ao público até 11 de Março, durante a semana, entre as 10.00 e as 18.00.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Dos Amigos ao Entrudo

É tradição bem açoreana. Nas quintas-feiras que antecedem o Carnaval, cultiva-se a amizade e a boa disposição durante a tarde; em uma, os amigos; em outra, as amigas; na próxima, os compadres; e, a terminar, as comadres.
O anoitecer é dedicado aos serões, onde se louva a amizade e se degustam as bebidas e os doces típicos da época, sejam malassadas, bombas ou coscorões. O importante é que quinta-feira, das quatro que caminham para o Domingo Gordo, é dia de assalto. Por isso, casa de traça que se preze tem um salão grande para que ao assalto não falte o baile. Ao baile, como é bom de ver, vão amigos e amigas, compadres e comadres, que a tarde já se foi e a noite faz-se com todos. Sadiamente, pela madrugada dentro. E o povo, que não é de bailes, também festeja. De forma mais simples, mas, nem por isso, menos genuína. E enquanto restarem três amigos numa Adega, quatro amigas numa Sala, ou um baile em casa própria, aí está a tradição. Pronta a reflorescer quando tudo serenar...

É tradição muito nossa,
Que em quinta antes das comadres,
É dia para que se possa
Reunir nossos compadres.

Vivam as Comadres,
Em dia de Quinta-feira,
Já lá foi a de compadres,
Já lá vem a Terça-feira.

Comadre melhor não há-de haver
Que não seja enfermeira,
Ou que saiba então reger,
Ou que mande na prateleira.

E outras também o são,
Qual irmã logo em Algés,
Ou na Canada, outra então,
Ou a Santo Amaro, grandes mulhés.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Coral de São Miguel

A Capela do Coro Alto da Matriz de Ponta Delgada.

O Coro da Matriz das Feteiras.

O Grupo Coral de N.ª Sr.ª da Piedade com o Coro da Prioral.

O Coro da Matriz Prioral do Archanjo São Miguel.

O 1º ensaio mensal, em Janeiro, na Matriz de Vila Franca.


Sábado, 19 de Fevereiro, às 20.00, na Matriz de Ponta Delgada, tem lugar o 2º ensaio mensal do Coral de São Miguel, onde participam a Capela do Coro Alto da Matriz de Ponta Delgada, o Coro da Matriz das Feteiras, o Grupo Coral de Nossa Senhora da Piedade de Ponta Garça, o Coro da Prioral Matriz do Archanjo São Miguel e distintos cantores que individualmente dão a sua preciosa colaboração.
O Coro destina-se a acompanhar a Liturgia em momentos mais SOLENES de apoteose, como a entrada de uma Procissão na Igreja, como a do Santíssimo Sacramento ou a Mudança do Senhor da Pedra ou do Senhor Santo Cristo.
Com vista a preparar e dinamizar essa junção dos Coros, da qual se tira um efeito sonoro muito rico, pois trata-se de bastante mais de uma centena de vozes, iremos fazer durante o ano de 2011 um ensaio mensal, um mês em cada uma das respectivas Igrejas.
Este ensaio será dedicado ao Veni Creatorem gregoriano e Fá bordão e à segunda parte do Te Deum de Perosi. No final haverá uma pequena confraternização no Centro Paroquial da Matriz.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"A Obesidade Mental"


"O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna. «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.» O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»

Do Prof. João César das Neves