segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Semana...

01 de Maio - Sábado
Dia de São José Operário - Feriado
18.00 - Ensaio do Coro da Prioral (Repertório de São Miguel).
Noite - Visita aos quartos onde estão ornamentados os Santos Patronos.

02 de Maio - Domingo
Festa de São Miguel Arcanjo
11.00 - Ensaio do Coro da Prioral com a Capela da Matriz de Ponta Delgada.
12.00 - Missa Solene.
18.00 - Procissão.
Noite - Arraial.

03 de Maio - Segunda-Feira
Festa de São Miguel Arcanjo - 1ª Oitava
11.00 - Missa Solene cantada pelo Coro da Prioral.
13.00 - Cortejo de Oferendas .
21.00 - Concerto da Banda Lealdade.

As Festas do Patrono da Ilha

São Miguel Arcanjo, Patrono desta nossa Ilha, é festejado no Domingo mais próximo ao dia 8 de Maio, que não coincida com a Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Desde os primórdios escolhido para Protector da maior Ilha dos Açores, o Chefe dos Anjos acolhe todos aqueles que, nestes dias, visitam Vila Franca do Campo.
A singeleza do acontecimento relembra a grandiosidade das nossas tradições. À boa maneira dos festejos em honra dos Patronos de cada uma das nossas Cidades, Vilas e Freguesias, a homenagem secular ao Patrono da Ilha cumpre-se conciliando a grandeza do Divino com a simplicidade da mensagem: Quis Ut Deus?
A beleza da tradição passa assim pela junção, num mesmo acontecimento, ano após ano, de gerações e gerações, de antes e, é de crer, de anos que de hoje ainda distam, como se o tempo fosse desafiado…
Esta é uma das maiores características de todas estas festas que a partir de agora e até ao fim do Verão vão acontecendo por estas nossas Ilhas: fazem-nos pensar na nossa curta existência e no significado da tradição em si mesma. Não é criação de ninguém, mas vivência de gerações.
No caso das festas de São Miguel Arcanjo, é a sua singularidade que as torna numa das mais ricas tradições desta nossa Ilha. Não apenas por ser o Padroeiro da Ilha. Sobretudo pela forma como é organizada a sua procissão e os seus preparativos.
Esta é a única procissão em Portugal que conserva, durante estes séculos que nos separam do fim da Idade Média, o modelo da organização por artes e ofícios.
Cada profissão homenageia, nesta festa, o seu Santo Patrono.
Cada Imagem é ornamentada numa das casas dos do ofício e aí fica exposta na véspera da Festa. Ao longo do Domingo, os homens de cada arte acompanham o seu protector até à Igreja, participando, dessa forma, na Procissão de São Miguel Arcanjo, presidida pela majestosa imagem que aqui chegou no século XVIII.
S. Pedro Gonçalves, com os pescadores; S. Crispim, com os sapateiros; S.to Antão, com os lavradores; N.ª Sr.ª do Egipto, com os arrieiros; S.ta Catarina, com os barbeiros; São João Baptista, com os pedreiros; S. José, com os carpinteiros; S.to António, com os oleiros; São Nuno Álvares Pereira, com as profissões liberais; e N.ª Sr.ª da Paz, com os militares.
Hoje que os tempos são outros, algumas das profissões participam na Procissão com poucos. As profissões vão mudando e as mudanças fazem parte do mundo. Pena é que não faça parte do nosso mundo alguma preocupação por se assistir ao abandono por completo de alguns ofícios. Não por saudosismo, apenas porque as artes de ontem, hoje continuam a ser uma riqueza.
Data de aniversário da Banda Lealdade, herdeira do Hino que só nas suas mãos tem aquele magnífico timbre marcial. Hino que, de manhã, é tocado no também aniversariante Órgão de Tubos, que acompanha o Coro da Prioral na sua Festa mais emblemática, em dia de uso da batuta dos velhos Mestres de Capela, com várias composições no Canto deste, entre as quais a do Breve concedido à Ilha de S. Miguel por S.S. Pio IX, em 1872.
Dia de visita da Capela da Matriz de Ponta Delgada ao Coro Alto da Vila, a acompanhar a Missa Solene, e, à Casa de São Domingos, ao almoço da Festa…

Encontro 2010

Assim se chama o novo blogue do Padre Nemésio Medeiros, Prior da Matriz de Ponta Delgada. Actualizado quase diariamente com reflexões muito actuais sobre a nossa vivência cristã e colectiva, merece a visita de quem gosta de ver o mundo pela positiva. Aqui fica a nossa saudação pela oportuna iniciativa!

http://www.encontro-2010.blogspot.com/

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sevilha

Viajar no tempo é descobrir mundos onde o que pensamos como passado ou futuro é presente bem vivo. Assim é Sevilha. Jovialmente tradicionalista ou, se preferirmos, tradicionalmente jovem. Respira-se um mundo edílico com um vaidoso toque de perfeição.
Tudo é Belo: a alma do povo, a simpatia, a imperial cidade, a Fé, a festa permanente, as pessoas… Gente bonita, aperaltada, educada e bem-disposta. Segura de si. Aberta ao mundo e aos outros. Como é isso possível? Que protecção tem esse povo para não merecer, como os demais, uma nova geração maioritariamente transvestida de piercings e cabelos sebosos?
Será apenas da sua auto-estima? Do seu brio ou cultura? Da sua Fé?
Afinal, nesse grandioso recanto do mundo, a Catedral não se enche com cabelos brancos como as Igrejas dos quatro cantos da nova evangelização. É de gente nova que se compõem as assembleias litúrgicas que acorrem às solenidades da centenária construção. Elas de véu. Todos de boa voz, cantando em uníssono o Pater Noster entrelaçado nos magníficos acordes do sumptuoso Órgão.
Não fora a inigualável companhia do Padre Saldanha, aí concelebrante, e certamente não teria tido a alegria de, juntamente com o grande colega e amigo da velhinha Escola de Angra, Luís Leite, ter vivido no Coro a riqueza da Semana Santa, dirigido por um experiente Cónego, acompanhado ao Órgão por um admirável organista, claro, também ele sacerdote, que, na sua modéstia, me contava com honra ser titular daquele magnífico instrumento há 51 anos.
Na mesma Catedral à volta da qual, tantas vezes perdido, passeou toda a Semana o estimado cunhado Edgardo. Na mesma em que atravessam em penitência as 60 Procissões que se realizam naquela Semana Maior. De madrugada, ou noite dentro, elas percorrem a cidade durante toda a Semana, saindo das diversas Igrejas e capelas da urbe. E se logo à primeira impressão fazem estremecer os sentidos pela opulência e beleza, ou pela envolvência da Música que irrompe a noite numa alegria em choro, maior agitação causam ao espírito pela devoção que transbordam os milhares que as acompanham, anonimamente, encapuçados de nazarenos, com belíssimos trajes que lhes tapam a feição em mais de oito horas de caminhada contínua pela noite fora, muitas vezes até descalços. Assim também as três dezenas que levam em turnos o andor, completamente escondidos debaixo dele, transportando em tonelada e meia de preciosa arte um sinal bem vivo de devoção, Fé e Caridade, pois que todas estas Irmandades se destinam, durante todo o ano, ao auxílio aos mais desfavorecidos.
E, pelas ruas, a cidade agita-se. Sem os velhos preconceitos que continuam a habitar entre nós com o mesmo à vontade que o estilo barato das novelas brasileiras. Sem os novos puritanismos da sociedade dita moderna.
As tascas enchem-se. Abarrotam. E não é de jovens imberbes em bebedeira fácil, nem de maridos rabugentos de botequim de dia inteiro.
Enchem-se do Povo. Do mesmo que enche a Catedral e as Procissões. As touradas e as festas. Os passeios de fim de tarde e a vida da cidade. De homens e mulheres de todas as idades e condições. Conversando, petiscando as omnipresentes tapas, degustando os óptimos vinhos da Região. Sem que se ouçam brigas futebolísticas ou o fanático debate político que persegue o nosso tempo.
Uma lição de vida a quem acredita que é na Identidade de um Povo que está a sua riqueza. Acompanhando o tempo sem nos reduzirmos a caricatura das ilusões que nos emborcam os media…

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Irró, ó meu Santo Irró.

É já Domingo, na velha Capital, a festa de São Pedro Gonçalves, chamada de festa do Irró, em alusão ao grito dos homens do mar a puxarem os seus barcos para terra, avenida acima, para serem devidamente ornamentados em homenagem ao Santinho.
Domingo, sai à Rua a Procissão, pelas 15.00, entrando na Igreja de São Miguel para a Missa de Festa, cantada pelo Coro da Prioral Matriz e celebrada pelo conterrâneo Padre Norberto Brum, prosseguindo, por entre magníficos tapetes, de regresso à hoje também sua Ermida que, santamente, divide com Santa Catarina, sua titular, desde que a sua centenária Capelinha, junto à Praia do Corpo Santo, a que deu o nome, foi ao chão, no início do século XX, com o peso do tempo.

Com velas de esperança,
A navegar,
O cais da vida
Buscamos sem cessar.

Ao Porto da Glória
E nas tempestades
Conduz os homens
São Pedro Gonçalves.