segunda-feira, 11 de maio de 2009

As Festas do Patrono da Ilha

São Miguel Arcanjo, Patrono desta nossa Ilha, é festejado nestes dias.
Vila Franca do Campo acolhe todos aqueles que prestam homenagem ao Chefe dos Anjos, desde os primórdios escolhido para Protector da maior Ilha dos Açores.
A singeleza do acontecimento relembra a grandiosidade das nossas tradições.
À boa maneira dos festejos em honra dos Patronos de cada uma das nossas Cidades, Vilas e Freguesias, a homenagem secular ao Patrono da Ilha cumpre-se mais uma vez, conciliando a grandeza do Divino com a simplicidade da mensagem: Quem como Deus?
A beleza da tradição passa, além disso, o que é o essencial, pela junção, num mesmo acontecimento, ano após ano, de gerações e gerações, de antes e, é de crer, de anos que de hoje ainda distam.
Esta é uma das maiores características de todas estas festas que a partir de agora e até ao fim do Verão vão acontecendo por estas nossas Ilhas: fazem-nos pensar na nossa curta existência e no significado da tradição em si mesma. Não é criação de ninguém, mas vivência de gerações.
No caso das festas de São Miguel Arcanjo, é a sua singularidade que as tornam numa das mais ricas tradições desta nossa Ilha.
Não apenas por ser o Padroeiro da Ilha. Sobretudo pela forma como é organizada a sua procissão e os seus preparativos.
Esta é a única procissão em Portugal que conserva, durante estes séculos que nos separam do fim da Idade Média, o modelo da organização por artes e ofícios.
Cada profissão homenageia, nesta festa, o seu Santo Patrono.
Cada Imagem é ornamentada numa das casas dos do ofício e aí fica exposta na véspera da Festa.
Ao longo do Domingo, os homens de cada arte juntam-se ao seu protector até à Igreja participando, dessa forma, na Procissão de São Miguel Arcanjo.
S. Pedro Gonçalves, com os pescadores; S. Crispim, com os sapateiros; S.to Antão, com os lavradores; N.ª Sr.ª do Egipto, com os arrieiros; S.ta Catarina, com os barbeiros; São João Baptista, com os pedreiros; S. José, com os carpinteiros; S.to António, com os oleiros; São Nuno Álvares Pereira, com as profissões liberais; e N.ª Sr.ª da Paz, com os militares.
Hoje, que os tempos são outros, algumas das profissões participam na Procissão com poucos.
As profissões vão mudando e as mudanças fazem parte do mundo. Pena é que não faça parte do nosso mundo alguma preocupação por se assistir ao abandono por completo de alguns ofícios. Não por saudosismo, apenas porque as artes de ontem, hoje, continuam a ser uma riqueza.
Saibamos nós apreciar os poucos que, a algumas delas, ainda se dedicam.
A felicidade do homem passa pelo sentimento, senão sobretudo pela alma.

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