112. “A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte…”
116. “A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano; terá este, por isso, na acção litúrgica, em igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar”.
118. “Promova-se muito o canto popular religioso…”
36. “Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos…poderá conceder-se à língua vernácula lugar mais amplo … em algumas orações e cantos…”
In Constituição A Sagrada Liturgia
Ou, no saber de Joseph Ratzinger: “Gandhi evidencia três espaços de vida do Cosmo e mostra como cada um destes três espaços vitais comunica também um modo próprio de ser. No mar vivem os peixes e silenciam. Os animais sobre a terra gritam, mas os pássaros, cujo espaço vital é o céu, cantam. Do mar é próprio o silenciar, da terra o gritar e do céu o cantar. O homem, porém, participa de todos os três: ele carrega em si a profundidade do mar, o peso da terra e a altura do céu; por isto são suas as três propriedades: o silenciar, o gritar e o cantar. Hoje (...) vemos que ao homem privado de transcendência permanece somente o gritar, porque deseja ser somente terra e procura transformar também o céu e a profundidade do mar em sua terra. A verdadeira liturgia, a liturgia da comunhão dos santos, devolve-lhe a sua totalidade. Ensina-lhe novamente o silenciar e o cantar, abrindo-lhe a profundidade do mar e ensinando-o a voar, o ser do anjo; elevando o seu coração, faz ressoar de novo nele aquele canto que se havia adormecido. Ou ainda, podemos dizer que a verdadeira liturgia se reconhece exactamente no facto de que esta nos liberta do agir comum e nos restitui a profundidade e a altura, o silêncio e o canto. A verdadeira liturgia reconhece-se no facto de ser cósmica, e não sob a medida de um grupo. Ela canta com os anjos. Ela silencia com a profundidade do universo à espera. E assim ela redime a terra”.
In Cantate al Signore un Canto Nuovo, pp. 153-154
Eis em breves linhas as principais determinações para o papel da Música na Liturgia e o seu sentido último aqui metaforicamente descrito pelo actual Pontífice Reinante, Bento XVI.
Os Coros e Capelas têm assim a dificílima tarefa de ajudar os fiéis a participar espiritualmente no Sacrifício Eucarístico, o que exige elevação, missão bem mais profunda e trabalhosa do que pôr a Assembleia meramente em acção, a como infelizmente nos acomodamos em muitas das nossas comunidades.
Infelizmente, ou por muitos dos responsáveis eclesiásticos não serem gente da Música ou da arte, ou por muitos dos responsáveis da Música e da arte na Igreja não serem gente crescida na liturgia, só agora, com o refrescar da memória do verdadeiro conteúdo dos documentos conciliares, com a subida ao trono pontifical do grande teólogo citado, com o esforço incansável, persistente e decido do Santo Padre, passados quarenta anos, se começa a perceber o erro de algumas das ligeirezas que nos foram ensinadas por responsáveis da própria Igreja, às gerações mais novas, muito próprias dos devaneios da época, certamente com a melhor das intenções, mas que afinal eram fruto de falta de estudo e má interpretação do próprio Concílio – “diz-se que agora é assim” - além de terem resultado no esvaziamento das Igrejas a que fomos assistindo nestes anos de “aproximação aos tempos de hoje”!
Claro que a verdadeira Música Sacra dá trabalho a ensaiar, a executar e, às vezes, até a fazer compreender e chegar ao seu fim último, que é a interiorização e a espiritualidade.
Claro que, à primeira vista, sobretudo nos meios mais periféricos que não são nem bucolicamente rurais, nem culturalmente urbanos, as pessoas, ao primeiro instinto, preferem coisas mais ligeiras, que lhes puxe ao sentimentalismo primário que está à flor da pele. Dá a mesma alegria de quem traz para casa sacos cheios de compras.
Nessa versão a Missa é festa, é folia, é palmas… rapidamente se transformando em biatisse e a pieguisse de muito calor entre os homens, mas de conteúdo muito frio entre os homens e o Sacrificado no Altar!
A Missa serve para fazer o Homem encontrar-se com Deus, interiorizar, participar da Sua paixão e morte, crendo na Sua Ressurreição.
Aliás, só esse é o sentido do apelo à participação do Concílio Vaticano II, conforme o Magistério da Igreja, muitas vezes confundido com o perturbador activismo dos leigos na liturgia.
A Missa será assim Ritual? Claro!
Mas vamos ficar presos a fórmulas? Não devemos inovar e adaptar? Devemos, quem? Quem é um para se achar superior a quantas gerações nos legaram a Tradição ou aos tantos que estudam a Liturgia com profundidade ou a vivem com tão maior espiritualidade?
A Missa só é Solene se for Ritual: com a sacralidade que cada palavra transporta, na oração ou no canto!
Aliás, a discussão sobre o tema é quase inócua. Só há uma forma de o fazer: mostrando na prática quão mais rica é a liturgia quando envolta na arte da música sacra trabalhada sobre a intemporalidade do latim.
Hoje, que a maior parte dos que gritavam por simplismo e banalidade abandonou a Igreja à medida que o foi conseguindo, restando já apenas alguns saudosistas das velharias ideológicas dos anos sessenta, o tempo para os cristãos é de amadurecermos e entendermos a riqueza da Liturgia, de alma e coração, convictamente, aprofundando o trabalho litúrgico que a Igreja nos tem desafiado a fazer, percorrendo na celebração da Fé o caminho que distingue a nossa pequenez e miséria da grandeza e do esplendor de Deus.
Só é digno de Deus o melhor que cada Homem consegue.
Desde logo o Canto e a Liturgia.
116. “A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano; terá este, por isso, na acção litúrgica, em igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar”.
118. “Promova-se muito o canto popular religioso…”
36. “Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos…poderá conceder-se à língua vernácula lugar mais amplo … em algumas orações e cantos…”
In Constituição A Sagrada Liturgia
Ou, no saber de Joseph Ratzinger: “Gandhi evidencia três espaços de vida do Cosmo e mostra como cada um destes três espaços vitais comunica também um modo próprio de ser. No mar vivem os peixes e silenciam. Os animais sobre a terra gritam, mas os pássaros, cujo espaço vital é o céu, cantam. Do mar é próprio o silenciar, da terra o gritar e do céu o cantar. O homem, porém, participa de todos os três: ele carrega em si a profundidade do mar, o peso da terra e a altura do céu; por isto são suas as três propriedades: o silenciar, o gritar e o cantar. Hoje (...) vemos que ao homem privado de transcendência permanece somente o gritar, porque deseja ser somente terra e procura transformar também o céu e a profundidade do mar em sua terra. A verdadeira liturgia, a liturgia da comunhão dos santos, devolve-lhe a sua totalidade. Ensina-lhe novamente o silenciar e o cantar, abrindo-lhe a profundidade do mar e ensinando-o a voar, o ser do anjo; elevando o seu coração, faz ressoar de novo nele aquele canto que se havia adormecido. Ou ainda, podemos dizer que a verdadeira liturgia se reconhece exactamente no facto de que esta nos liberta do agir comum e nos restitui a profundidade e a altura, o silêncio e o canto. A verdadeira liturgia reconhece-se no facto de ser cósmica, e não sob a medida de um grupo. Ela canta com os anjos. Ela silencia com a profundidade do universo à espera. E assim ela redime a terra”.
In Cantate al Signore un Canto Nuovo, pp. 153-154
Eis em breves linhas as principais determinações para o papel da Música na Liturgia e o seu sentido último aqui metaforicamente descrito pelo actual Pontífice Reinante, Bento XVI.
Os Coros e Capelas têm assim a dificílima tarefa de ajudar os fiéis a participar espiritualmente no Sacrifício Eucarístico, o que exige elevação, missão bem mais profunda e trabalhosa do que pôr a Assembleia meramente em acção, a como infelizmente nos acomodamos em muitas das nossas comunidades.
Infelizmente, ou por muitos dos responsáveis eclesiásticos não serem gente da Música ou da arte, ou por muitos dos responsáveis da Música e da arte na Igreja não serem gente crescida na liturgia, só agora, com o refrescar da memória do verdadeiro conteúdo dos documentos conciliares, com a subida ao trono pontifical do grande teólogo citado, com o esforço incansável, persistente e decido do Santo Padre, passados quarenta anos, se começa a perceber o erro de algumas das ligeirezas que nos foram ensinadas por responsáveis da própria Igreja, às gerações mais novas, muito próprias dos devaneios da época, certamente com a melhor das intenções, mas que afinal eram fruto de falta de estudo e má interpretação do próprio Concílio – “diz-se que agora é assim” - além de terem resultado no esvaziamento das Igrejas a que fomos assistindo nestes anos de “aproximação aos tempos de hoje”!
Claro que a verdadeira Música Sacra dá trabalho a ensaiar, a executar e, às vezes, até a fazer compreender e chegar ao seu fim último, que é a interiorização e a espiritualidade.
Claro que, à primeira vista, sobretudo nos meios mais periféricos que não são nem bucolicamente rurais, nem culturalmente urbanos, as pessoas, ao primeiro instinto, preferem coisas mais ligeiras, que lhes puxe ao sentimentalismo primário que está à flor da pele. Dá a mesma alegria de quem traz para casa sacos cheios de compras.
Nessa versão a Missa é festa, é folia, é palmas… rapidamente se transformando em biatisse e a pieguisse de muito calor entre os homens, mas de conteúdo muito frio entre os homens e o Sacrificado no Altar!
A Missa serve para fazer o Homem encontrar-se com Deus, interiorizar, participar da Sua paixão e morte, crendo na Sua Ressurreição.
Aliás, só esse é o sentido do apelo à participação do Concílio Vaticano II, conforme o Magistério da Igreja, muitas vezes confundido com o perturbador activismo dos leigos na liturgia.
A Missa será assim Ritual? Claro!
Mas vamos ficar presos a fórmulas? Não devemos inovar e adaptar? Devemos, quem? Quem é um para se achar superior a quantas gerações nos legaram a Tradição ou aos tantos que estudam a Liturgia com profundidade ou a vivem com tão maior espiritualidade?
A Missa só é Solene se for Ritual: com a sacralidade que cada palavra transporta, na oração ou no canto!
Aliás, a discussão sobre o tema é quase inócua. Só há uma forma de o fazer: mostrando na prática quão mais rica é a liturgia quando envolta na arte da música sacra trabalhada sobre a intemporalidade do latim.
Hoje, que a maior parte dos que gritavam por simplismo e banalidade abandonou a Igreja à medida que o foi conseguindo, restando já apenas alguns saudosistas das velharias ideológicas dos anos sessenta, o tempo para os cristãos é de amadurecermos e entendermos a riqueza da Liturgia, de alma e coração, convictamente, aprofundando o trabalho litúrgico que a Igreja nos tem desafiado a fazer, percorrendo na celebração da Fé o caminho que distingue a nossa pequenez e miséria da grandeza e do esplendor de Deus.
Só é digno de Deus o melhor que cada Homem consegue.
Desde logo o Canto e a Liturgia.
1 comentário:
Recebido do bom amigo João Bento Sampaio, aqui se publica precioso comentário:
"Não chega ter a vontade para despejar o que nos vai na alma. A tecnologia é fria, teimosa e não verga ante a ignorância de gente bem intencionada. E o que eu queria juntar às festas era apenas isto:
Enche-se a alma da gente com os sons harmoniosos de quem soube escrever belas páginas de Música. E belas são todas aquelas peças que, de uma forma erudita - conhecimento técnico e gosto requintado - recheiam os arquivos das nossas igrejas."
João Bento Sampaio
Enviar um comentário