Chegaram as festas. Por toda a Ilha, as festas do Senhor marcam este tempo, envolto em alegria e assente no entusiasmo que só os açoreanos sabem pôr nestas coisas.
Cheira a festa na cidade: misturam-se acordes, que enchem de música a harmonia do Campo, com vozes açoreanas marcadas pelo timbre da diáspora.
Assim são, ano após ano, as nossas grandes festas: de um momento para o outro, quase sem darmos por isso, a Ilha cabe toda no centro da cidade.
São Miguel em peso, acompanhado dos seus visitantes destes dias, corre serenamente as artérias que entrelaçam a cidade. Como se tudo tivesse parado. Como se a cidade se tivesse reencontrado consigo própria pela primeira vez.
Como daquela vez, em 1700, em que os nossos antepassados paralisaram a cidade trazendo à Rua a mesma Imagem de Cristo cujo olhar se mantém constante novidade passados 310 anos.
E, sempre que chega a festa, afinal há outra cidade. A força da nossa identidade, Ponta Delgada genuinamente, esmaga por uns dias a sua aparente condição de subúrbio da aldeia global.
Afinal o que temos de maior e de melhor não é cópia de ninguém, não é moda em nenhum outro lado nem deixa de o ser, não faz parte de nenhum programa político, nem está ao serviço do poder. Existe porque existe Ponta Delgada. Sem as Festas do Senhor Santo Cristo poderia certamente esta cidade ter o mesmo nome, mas não estaríamos a falar do mesmo lugar.
É bem a prova de que a qualidade de vida de uma cidade, em muitos aspectos, não depende de mais nada que não da sua própria gente. Muitas vezes nas pequenas coisas, algumas que já só respiram de forma pura nas pequenas comunidades, e a que nós, por uma razão ou por outra, deixamos de dar espaço ou deixamos que as deturpassem, nesta constante complacência com a substituição do distinto pelo mediano. Nos pequenos gestos, na caridade, na fraternidade que anima as vizinhanças da velha cidade, em tanta coisa simples, podemos certamente construir uma cidade mais feliz.
E é por isso que a sumptuosidade da festa exterior não ofusca de modo algum a magnificência da interioridade e do encontro de cada homem e mulher com Deus e consigo próprio. As festas constituem um património de vivência em comunidade, numa demonstração pública de fé.
Só há festa porque os homens crêem que festejam Deus na Terra. Com grande solenidade. Com formas diferentes de encarar o acessório. Dirigida a todos. Mesmo àqueles que, sem terem ainda descoberto a fé, participam na festa por dever de ofício. A ninguém aquele olhar passará despercebido.
As festas do Senhor são a conciliação verdadeira da fé e da tradição. À boa maneira do nosso povo, alheio a delongas filosóficas de fúteis conclusões, mais interessado na busca do verdadeiro Bem do que em reflectir no acessório qual é a verdade mais ao jeito de cada um.
Celebramos Deus exteriorizando a fé na forma como o aprendemos de quem nos antecedeu. Vivendo-a.
No nosso tempo e com aqueles que nos rodeiam.
Cheira a festa na cidade: misturam-se acordes, que enchem de música a harmonia do Campo, com vozes açoreanas marcadas pelo timbre da diáspora.
Assim são, ano após ano, as nossas grandes festas: de um momento para o outro, quase sem darmos por isso, a Ilha cabe toda no centro da cidade.
São Miguel em peso, acompanhado dos seus visitantes destes dias, corre serenamente as artérias que entrelaçam a cidade. Como se tudo tivesse parado. Como se a cidade se tivesse reencontrado consigo própria pela primeira vez.
Como daquela vez, em 1700, em que os nossos antepassados paralisaram a cidade trazendo à Rua a mesma Imagem de Cristo cujo olhar se mantém constante novidade passados 310 anos.
E, sempre que chega a festa, afinal há outra cidade. A força da nossa identidade, Ponta Delgada genuinamente, esmaga por uns dias a sua aparente condição de subúrbio da aldeia global.
Afinal o que temos de maior e de melhor não é cópia de ninguém, não é moda em nenhum outro lado nem deixa de o ser, não faz parte de nenhum programa político, nem está ao serviço do poder. Existe porque existe Ponta Delgada. Sem as Festas do Senhor Santo Cristo poderia certamente esta cidade ter o mesmo nome, mas não estaríamos a falar do mesmo lugar.
É bem a prova de que a qualidade de vida de uma cidade, em muitos aspectos, não depende de mais nada que não da sua própria gente. Muitas vezes nas pequenas coisas, algumas que já só respiram de forma pura nas pequenas comunidades, e a que nós, por uma razão ou por outra, deixamos de dar espaço ou deixamos que as deturpassem, nesta constante complacência com a substituição do distinto pelo mediano. Nos pequenos gestos, na caridade, na fraternidade que anima as vizinhanças da velha cidade, em tanta coisa simples, podemos certamente construir uma cidade mais feliz.
E é por isso que a sumptuosidade da festa exterior não ofusca de modo algum a magnificência da interioridade e do encontro de cada homem e mulher com Deus e consigo próprio. As festas constituem um património de vivência em comunidade, numa demonstração pública de fé.
Só há festa porque os homens crêem que festejam Deus na Terra. Com grande solenidade. Com formas diferentes de encarar o acessório. Dirigida a todos. Mesmo àqueles que, sem terem ainda descoberto a fé, participam na festa por dever de ofício. A ninguém aquele olhar passará despercebido.
As festas do Senhor são a conciliação verdadeira da fé e da tradição. À boa maneira do nosso povo, alheio a delongas filosóficas de fúteis conclusões, mais interessado na busca do verdadeiro Bem do que em reflectir no acessório qual é a verdade mais ao jeito de cada um.
Celebramos Deus exteriorizando a fé na forma como o aprendemos de quem nos antecedeu. Vivendo-a.
No nosso tempo e com aqueles que nos rodeiam.
5 comentários:
“PONTA DELGADA EM FESTA”
É O QUINTO DOMINGO DE PÁSCOA
E POR FORÇA DA TRADIÇÃO
A IMAGEM DO “ECCE-HOMO”
VAI SAIR EM PROCISSÃO.
- PONTA DELGADA AMANHECE
TODA TRAJADA A RIGOR;
E, EMBEVECIDA AGUARDA
A VISITA DO SENHOR.
- NUM ENSAIO DE RELIGIOSIDADE,
NUMA PAUSA SALUTAR
DÁ TRÉGUAS À SUA ROTINA,
AJOELHA, PÕE-SE A REZAR.!
- LEVANTA OS BRAÇOS AO CÉU
COM ALEGRIA E MANEIRAS, DE U DE UMA FORMA TÃO SINGELA:
- O AGITAR DAS BANDEIRAS!!!
- COMO NUM GESTO ACADÉMICO, ESTENDE “AS CAPAS” NO CHÃO...
TECIDAS COM LINDAS FLORES,
COM CARINHO E DEVOÇÃO.
- ABRE-SE NUM TERNO ABRAÇO
PARA ACOLHER FORASTEIROS; PEREGRINOS EMIGRANTES,
ESTÃO NA LISTA DOS PRIMEIROS.
- COM RESPEITO E REVERÊNCIA,
ASSISTE AO SENHOR PASSAR.
MOBILIZA AS FORÇAS VIVAS
P’RÓ SENHOR ACOMPANHAR.
- AS RUAS QUE SÃO ESTREITAS, TORNAN-SE QUASE EM VIELAS...
PELA GRANDE MASSA HUMANA
DISPERSA POR TODAS ELEAS.
E O SENHOR PASSA SERENO,
A TODOS LANÇA UM OLHAR!...
- “OS CORAÇÕES AJOELHAM”...
E FICAM A MEDITAR.
É QUE A FÉ ASSIM VIVIDA
PODE NÃO SER A MAIS PURA,
MAS ENVOLVE A NOSSA CIDADE
NUMA AURÉOLA DE CANDURA!...
MARIA FRANCISCA DUARTE MAIO/03
Viver em vizinhança é sempre reconfortante, mas se o nosso sentir faz eco no do vizinho, ainda melhor...
Não podia vir mais a propósito. Um exemplo de belíssima vizinhança é a nossa sempre jovial D. Francisca... Parabéns pelo poema.
Muito bem poesia e visinhança ...!
Andei às voltas para perscrutar quem seria o enigmático Anónimo. Afinal, ele, que é ela, anda-nos a assediar com mimos de arte - uma pena que a mão segura e nos enche a alma. A rua do Frias tem isto de bom - ostenta uma alma grende!
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