segunda-feira, 19 de setembro de 2011

À velha Rua do Frias

Setembro é tempo de regressar à cidade. À velha Rua do Frias. Àquela a que Armando Cortes Rodrigues dedicou o "Poema da minha Rua."
Daqui se deram vivas a D. Miguel e se conspirou entre os homens do povo, reunidos em nocturna e centenária taberna, já então fartos de pedreiros livres em início de derrapagem civilizacional. E de tão nobre Botequim, daqui foram presos, com os outros mais, ao Forte de São Brás, onde após a célebre Revolta dos Calçetas, foram sumariamente executados, certamente em nome dos já então proclamados valores ditos da liberdade.
Rua de moagem, de solares e de casas simples. Rua do tempo da fundação da Cidade.
Rua de António Frias, o pai da Rua, que lhe deu o nome, o Jardim que a encima como uma coroa e a Ermida da Senhora Sant'Anna. Rua de Francisco Nunes Bago, licenciado do século XVII, também ele de Vila Franca do Campo, onde ainda hoje dá nome à velha Rua do Bago. Rua de José do Canto, cuja imponente estátua, no local da velha casa do licenciado Frias, marca, ao fundo, a serenidade que aquele belíssimo Jardim novecentista lhe oferece. Rua de José Maria Raposo de Amaral, reputado autonomista, família que em tempos antigos, durante anos, manteve viva a tradição de Sant'Anna. Rua de Armando Côrtes Rodrigues, poeta cujas culturais tertúlias se repartiam entre a velha Capital do Arcanjo e esta sua Rua. Rua do Padre José Joaquim Rebelo. Rua de tantos cujas memórias ainda perduram...
Mas é também Rua de gente simples e feliz. Gente que encontra, no que resta dos seus ladrilhos, o mais familiar canto da urbe. Rua de rosto humano cravada ao centro da cidade...

2 comentários:

Gisela Gusmão disse...

Viva a melhor rua desta cidade!

Anónimo disse...

Da rua do Frias, onde me aventurei a partilhar, desde 2002, a memória dos Notáveis, assisto agora, recuado, no recato de uma Canada, à passagem de gente boa, dinâmica, entusiasta, gente que me conforta o devaneio...

João Bento Sampaio