terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Rua Monsenhor José Ribeiro Martins.

Nos Arrifes, sua freguesia natal, foi descerrada Domingo a placa toponímica em homenagem ao grande vulto do sacerdócio micaelense, Monsenhor José Ribeiro Martins. Por convite do bom amigo José Andrade, ilustre presidente da Comissão de Toponímia, coube-me a honra da intervenção de homenagem ao estimado Padrinho:
“Cravada no alto da freguesia que teve a honra de lhe servir de berço, a nova artéria aqui inaugurada lembrará aos vindouros um dos seus filhos mais ilustres, que, na outra banda da freguesia, à entrada de quem chega da cidade, passou os seus dias da infância à juventude, até daqui ter partido, no final da década de 40, para o Seminário de Angra. (…) Aqui nasceu a 5 de Novembro de 1929. Logo aos quatro anos perdeu o pai, não tendo mais irmãos, vivendo com a sua mãe nessa pequena casa ao início da Saúde.
Essa forma de estar na vida, ao serviço de muitos, mas quase sozinho, acompanhou-o sempre, até hoje, onde, por força da doença, passa os dias num cadeirão, novamente só do mundo e da família. Ou melhor, da família que, após a morte da sua mãe, praticamente não teve. Um dos padres que no seu tempo foi mais público, o grande pregador Padre Ribeiro, nas horas importantes, esteve sempre quase só. Ou melhor, com a sua mãe e com Deus. Foi assim na sua infância, em que a fé lhe foi transmitida pela piedade e bondade maternal. Foi assim na sua Missa Nova, celebrada de modo discreto na própria Capela do Seminário e a que assistiu a sua mãe. É assim hoje após anos de trabalho e dedicação ao Povo de Deus. Ele, a sua mãe retratada ao lado da sua cama e Deus, a Quem dedicou a vida e que nem a doença o faz esquecer. (…)
Em 1955 foi nomeado Pároco, o que lhe deu grande alegria, por poder servir assim as pessoas de perto. Durante 22 anos, desenvolveu grande acção apostólica na sua primeira paróquia, a de Nossa Senhora dos Anjos, na Fajã de Baixo, onde sempre foi muito querido por todos os paroquianos. Contava com emoção o dia da sua chegada de camioneta à Fajã, como que a uma terra distante, entulhada de gente junto à Igreja, à espera do Padre novo, que a tomou por sua e, ainda hoje, se a memória volta, é sempre dela que se lembra, como se aquela edílica terra de 1955 e aquele jovem sacerdote de 26 anos estivessem fadados um para o outro, numa empatia que durará enquanto viva alma existir dessa presença quase perfeita da Igreja entre os homens. (…)
Homem desprendido, pregou nos quatro cantos do mundo português, sem que com isso arrecadasse o que fosse para si. Muito do que recebeu dava aos pobres ou à Paróquia, fosse dinheiro, fossem ofertas.
Em 05 de Novembro de 2005, data do seu aniversário, e ano das suas bodas de ouro, foi justamente homenageado com a Medalha de Ouro do Município, o que, com humildade, aceitou e agradeceu. Mais uma vez, a Autarquia hoje presta-lhe homenagem. Desta vez já não pode aqui estar para aceitar e agradecer. Sei que se, num destes dias, lhe conseguir transmitir esta notícia, irá sorrir e ficar feliz por se lembrarem de si.
Aqui, nos Arrifes, começou a história deste grande homem que serviu o povo micaelense sobretudo na segunda metade do século XX. Aqui, nesta bonita terra, onde, numa rasa campa logo à entrada do Cemitério, descansam em paz os restos mortais do pai que precocemente lhe faltou na infância e da sua amada mãe que sempre o acompanhou, tranquilamente, ao sabor do vento que, aqui do alto, percorre os Arrifes, invade o coração da Cidade e chega, com ternura, à sua Fajã, permanecerá o nome de um grande homem, um dedicado padre, um ilustre cidadão e um saudoso amigo.”

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