Embebido nas ruelas da imponente Cidade que serve de berço à nossa civilização e Capital do Império Cristão, da Roma Eterna agora chegado, volto à escrita deste modesto Jornal atordoado pela magnificência desse outro mundo. Ou melhor, do mundo!
Mas pergunto-me, como os gauleses, serão os romanos loucos? Conservam então tudo quanto têm com tal arte e beleza que nos oprime a vergonha de vivermos em cidadelas inundadas de contemporâneo! Numa cidade de tantos quilómetros porque cargas de água há-de ser tudo belo? Não têm lá também destes artistas de agora ou dos nossos arquitectos de toque actual? Para que querem eles pedras e pedrinhas com dois mil anos? Só para terem milhões de turistas e uma cidade magnífica? Nunca ouviram os nossos intelectuais políticos que sabem que o tempo não pára? O que vale mais: o vosso pedante bom gosto ou o nosso pindérico novo-riquismo? Fiquem lá com os turistas que nós ficamos com o cimento armado!
E os sinais cristãos? Julgam que por serem 60 milhões numa só cidade têm direito a ofender a cavalgada do laicismo que, furiosa, há anos que não sai dos subúrbios? Então milhares de padres envergarem batina com a mesma naturalidade com que também se passeiam pela histórica zona de esplanadas e tasquinhas, ofendendo assim a militante voz progressista do clero fundamentalista dos loucos anos 60 que tanto tem feito pela destruição da Igreja por estas paragens? E a foto do Papa em todo o lado, até em bares e restaurantes? Não sabem que a Odete Santos não gosta do Papa? Não lêem os jornais portugueses que são contra o Papa? Quem pensam os romanos que são para, sem o nosso consentimento, o venerarem a tal ponto?
E tudo é grandioso. Não sabem eles que a verdadeira arte e a cultura digna desse nome são obra do maligno e causa de todos os males? Porquê música quase divina, quando o homem deve chafurdar na guitarrada pimba que nos torna a todos desprezivelmente igualitários? Não sabem os romanos que a grandiosidade que apresentam ao mundo pode ofuscar a pequenez do azedume de quem nada sabe fazer e refugia-se nas virtudes do simplório?
Onde pensam os romanos que vão? Nem sequer são democráticos: entregaram a Câmara à Direita, ignorando todas as regras ditadas em Portugal, mais velha democracia do mundo, única em que à política e ao jornalismo só acedem pessoas de elevada educação e com provas dadas no mundo profissional e no saber.
Estranho Povo!
E por que raio têm um ar bem disposto?
Ainda bem que me vim embora. Não fosse algum dia dar-lhes razão!
1 comentário:
"De Regresso" às "Imagens do Desenvolvimento Regional".
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