quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Aos Descobrimentos.

Passam hoje 554 anos sobre a concessão a Portugal, através da Bula Romanus Pontifex, do direito de propriedade, a título perpétuo, sobre todos os territórios conquistados em África.

2 comentários:

Edgardo disse...

« 2008
Política Nacional

O ano foi devastador para a imagem do regime. Nunca tantos, e de que maneira, disseram de forma tão desabrida que o regime, como está e como não tem servido Portugal, se possa aguentar por muito tempo sem uma reforma profunda. Não fosse a Europa, já a tropa teria tomado de assalto o poder. A corrupção, o divórcio absoluto entre o país real e o país político, o soçobrar das instituições que aquietam o povo, o eclipse da Presidência da República, a falência da Saúde, do Ensino, da Justiça e da autoridade das forças da ordem, tudo concorre para alimentar messianismos ou explosões de ira que poderão, a curto prazo, fazer precipitar a ira contra anos de incúria, nepotismo, amadorismo e partidocracia. O regime que se acutele, pois uma Atenas II pode acontecer; ou antes, vai acontecer.


Política Internacional

2008 foi o ano da implosão da plutocracia descerebrada. Nos EUA, o colapso financeiro demonstrou quão perigoso era o sonho de uma cultura de responsabilidade centrada nos indivíduos, pois estes, agora e sempre, mobilizam-se pelo interesse egoísta. Ficámos a saber, et por cause, que a guerra do Iraque e toda a política externa da potência global padeciam do mesmo mal: negócios, cupidez e agendas lucrativas, favorecimento de grandes interesses económicos e decisionismo entregue a ignorantes. Perdeu-se a luta contra o terrorismo no Iraque e quase se perdeu no Afeganistão, perdeu-se o Paquistão, provocou-se atrito desnecessário com a Rússia, atirando-a para uma aliança com governos párias ou com a ascendente China. A vitória de Obama, resultado de anos de detestável malbaratar de possibilidades de uma potência debatendo-se para frenar a multipolaridade nascente, não trouxe nada de novo; pior, vai levar a um mais que certo isolacionismo, permitindo o redesenho das esferas de influência política do Irão, da China e da Venezuela (a Cuba do século XXI) e ao apaziguamento com este conglomerado de estados, permitindo-lhes consolidarem a já evidente qualidade de potências regionais.

2009
Política Nacional

Sócrates vai ficar e mostrou-se, ao contrário de todas as previsões, o único político com fortaleza anímica capaz de se impor aos portugueses. Destruiu a oposição do velho PS anos sessenta, retirou esteio ao Bloco de Esquerda - obrigando-o a um negativismo insusceptível de atrair simpatias - viu partir um líder do PSD e chegar um novo, de imediato mordido pela clientela esfaimada por anos de dieta e meias-rações. Ficou o PP. Paulo Portas está a limpar o seu partido e será, gostem ou não, a única opção ao PS, pois que o PC só serve como vazadouro de nostálgicos atarantados perante o imparável curso do tempo. Em finais de 2009, o debate centrar-se-á em torno dos dois líderes e lá para 2010 talvez surja um governo PS-PP.

Política Internacional

O isolacionismo obamista enterrará o cruzadismo pela democracia, marca dos anos Bush II. Em África, golpes militares restaurarão o predómio das armas. O recente golpe na Guiné Conakry demonstra absoluto desprezo pelas invectivas ocidentais. Na Ásia, a era de frágeis democracias corre risco análogo, espelhando o apagamento do prestígio do modelo representativo ocidental, já seriamente ultrajado pelo ascenso de governos semi-ditatoriais e plebiscitários na América do Sul (Venezuela, Equdor, Bolívia). O realismo sobrepõe-se lentamente ao sonho de ver democracias por todo o mundo. Os EUA preferem agora Kadhaffi, al-Assad e emires absolutistas, conquanto mantenham abertas as portas para cada vez mais difíceis negócios, pois que a Índia e a China, mas também o Brasil, apresentam crescente capacidade de concorrência. A União Europeia continuará no limbo, sem saber o que fazer com a ideia de Império que a ninguém interessa e com o renascimento de sonhos soberanistas das nações mais vulneráveis que se sentiram desenganadas pelo clube da meia dúzia de ricos que impõe as regras de um jogo sem sonho e sem ideais mobilizadores. »

in Combustões

JBS disse...

E ainda houve quem acreditasse na perpetuidade de possuir o património alheio. Foi por isso que fui bater com os costados a África - era um reizinho bem teimoso esse tal de Salazar. Valeu que voltei sem belisco.